A Polícia Civil cumpre 93 mandados de prisão e 114 de busca e apreensão, nesta quinta-feira (15), contra uma facção suspeita de comandar o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro no Vale do Sinos. Segundo a investigação, um estúdio de tatuagem era usado para lavar o dinheiro obtido com o tráfico.
Até as 11h30min, 62 pessoas haviam sido presas — sendo que 17 alvos de mandado já estavam no sistema prisional. Entre eles está o homem apontado como líder do esquema.
O sogro e a sogra do suspeito de liderar a organização criminosa foram presos em Sapucaia do Sul. De acordo com a polícia, eles seriam responsáveis por um ponto de tráfico. A esposa dele segue foragida. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.
Um carro apreendido na primeira fase da operação, em 2023, foi usado como viatura policial para fazer as prisões. Na ofensiva desta quinta, oito veículos de alto valor foram apreendidos.
A investigação começou em outubro do ano passado, quando a polícia descobriu uma operação de telentrega de drogas na Região Metropolitana, principalmente no Vale do Sinos. O suspeito de chefiar o esquema é um tatuador que, segundo a Polícia Civil, usava seu estúdio para encobrir o crime. O homem foi preso em flagrante na ocasião.
Como funcionava a facção
Os mais de 90 envolvidos com o grupo seriam organizados de forma hierárquica, de acordo com a Polícia Civil:
- Nível estadual
- Nível regional
- Fornecedores locais
Cada indivíduo só poderia traficar drogas dentro do território dos chefes de determinada região se tivesse autorização e apenas se a droga fosse adquirida diretamente do fornecedor autorizado. A polícia afirma que todos os integrantes eram remunerados pelas funções exercidas, seja diretamente (com pagamentos semanais) ou indiretamente (tomando para si parte dos valores resultantes do tráfico).
A Polícia Civil teve acesso ao estatuto que continha as regras que os membros deveriam seguir, como, por exemplo, pagar uma mesada para que os líderes adquirissem mais armamentos e financiassem advogados para defendê-los.
A Polícia Civil acredita que a esposa, o cunhado e o sogro do tatuador teriam postos de alto escalão na organização criminosa. Quando o homem foi solto, em junho deste ano, a família teria realizado uma comemoração com fogos de artifício.
A polícia ainda afirma que o homem monitorava sua casa e o bairro com drones, verificando a movimentação policial.
Outra descoberta da polícia é de que a organização criminosa contava com indivíduos que atuavam vestindo uniformes camuflados, coletes à prova de balas e capuz, equipados com armas pesadas, para eventuais confrontos e execuções.
Cerca de 500 policiais participam da ação. Os mandados foram cumpridos em Porto Alegre, Sapucaia, Esteio, Parobé, Estância Velha, Novo Hamburgo, Campo Bom, São Leopoldo, Alvorada, Canoas, São Sebastião do Caí, Tramandaí, Xangri-lá, Torres e no Estado de Santa Catarina.