A prisão de um influenciador digital na terça-feira (6), em Canoas, na Região Metropolitana, ocorreu após um ano de investigação que apontou crimes de exploração de jogos de azar, contra a economia popular, associação criminosa e lavagem de dinheiro, de acordo com a Polícia Civil.
Os influenciadores Gladison Pieri e Pamela Pavão foram conduzidos à delegacia, na manhã de terça, para prestar esclarecimentos sobre supostas ilegalidades no sistema de venda de rifas online que eles mantêm. O homem foi preso em flagrante por posse de uma pistola calibre .380, de uso restrito às forças de segurança, que foi apreendida. Ele foi liberado à tarde, mediante pagamento de fiança na faixa de R$ 100 mil. Ela prestou depoimento e foi liberada. Ambos responderão a inquérito.
Intitulada Operação Dubai, a ação da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas apurou diversas denúncias e atendeu a pedido apresentado pelo Ministério Público. Segundo a investigação, os suspeitos realizavam sorteios de casas, apartamentos, motocicletas, motos aquáticas, dinheiro e carros. Contudo, esses prêmios seriam entregues a pessoas próximas a eles.
Também há indícios de que eles pagariam laranjas pelo Brasil afora para que aparecessem em transmissões online se passando por vencedores. Os preços das cotas individuais das rifas custam a partir de R$ 0,10. A polícia afirma ter evidências de fraudes nos sorteios.
Durante a operação, foram apreendidos mais de 30 veículos. Entre os carros, estavam modelos Porsche, BMW e Corvette. A polícia também apreendeu barcos, motos, motos aquáticas, passaportes, joias e cerca de R$ 600 mil em espécie. Os itens seguem retidos pela polícia, que não informou se serão leiloados ou qual será o seu destino.
O que dizem os suspeitos
Zero Hora entrou em contato com o advogado Marcelo Reginatto, que representa os investigados, na quarta-feira (7), para solicitar uma entrevista. Ele informou à reportagem que a defesa não se manifestaria nesse momento. Ele foi procurado novamente nesta quinta-feira (8), mas a reportagem não obteve retorno.
Nas redes sociais da empresa de rifas virtuais, Pieri Prêmios, Gladison Pieri publicou um vídeo no qual afirma que a empresa nunca teve laranjas e que sempre entregou os prêmios. Além disso, diz que a única pendência com a Justiça seria a inadimplência com o Imposto de Renda e critica a carga tributária do país.
"Vamos responder somente pelo tempo em que trabalhamos na ilegalidade, mas todos os prêmios sempre foram entregues com transparência. A única questão que pesa é a questão fiscal. A parte do governo, que nesse tempo a gente não declarou o imposto como a gente declara agora na capitalização. Por isso, vamos seguir trabalhando de maneira correta, dentro da capitalização", disse Pieri no vídeo.
No perfil da Pieri Prêmios nas redes sociais consta que as ações da empresa são "100% legalizadas com autorização da Susep (Superintendência de Seguros Privados)", órgão do governo federal que é responsável pela autorização das operações das Sociedades de Capitalização. A empresa continua realizando rifas virtuais.