Condenado a 153 anos de prisão por diversos crimes, entre eles a construção de um túnel para fuga em massa do Presídio Central, Tiago Benhur Flores, 39 anos, está foragido após receber o benefício da prisão domiciliar humanitária e romper a tornozeleira eletrônica. Conforme alerta emitido para agentes da segurança pública, Benhur recebeu o benefício em 22 de julho, após um procedimento cirúrgico no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas.
Na última quinta-feira (25), dois mandados de prisão foram expedidos pela Vara de Execuções Criminais em razão de um alerta de rompimento da tornozeleira eletrônica. Consta que ele foi monitorado pela última vez em Esteio, no dia 24.
O processo de execução penal corre em segredo de Justiça, mas Zero Hora teve acesso à decisão judicial que determinou a progressão de regime.
O documento assinado em 11 de julho cita que o apenado não poderia receber o tratamento adequado dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas e determinou 30 dias de prisão domiciliar humanitária a contar de 21 de julho, um dia antes da cirurgia.
"E, se isso não basta, está demonstrado nos autos, que efetuar a cirurgia, mediante escolta, e retornar ao presídio nas mesmas condições anteriores, é totalmente inviável. A casa prisional não tem como atender as necessidades pós-cirúrgicas. Não há como efetuar repouso durante 15 dias, com troca de curativos e, menos ainda, propiciar a fisioterapia três vezes por semana", citou a juíza da Vara de Execuções Criminais Sonali Zluhan.
O advogado Luiz Gustavo Puperi afirma que não vai se manifestar no momento, pois "não se trata de uma questão jurídica, mas de foro íntimo do apenado". Também aponta que não teve contato com Benhur desde o fato, motivo pelo qual não pode apresentar resposta.
Quem é o apenado
Benhur é apontado como um dos principais líderes da facção criminosa com base no Vale do Sinos. Em fevereiro deste ano, foi um dos 10 condenados pela construção de um túnel que pretendia promover fuga em massa do Presídio Central. Por esse crime, recebeu a pena mais alta do grupo: 37 anos e oito meses de prisão por organização criminosa armada, tentativa de facilitação de fuga de preso, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
A investigação apontou o preso como mentor e financiador do projeto que custou R$ 1 milhão e foi frustrado pela Polícia Civil em 2017.
Por conta deste crime, Benhur chegou a ser transferido para penitenciária federal com outros 26 líderes de facção em operação de 2017. No final de 2021, teve negado pelo Superior Tribunal de Justiça o pedido para retornar ao sistema prisional gaúcho.
Em junho do ano passado, a Justiça deferiu o retorno dele ao Rio Grande do Sul. No mesmo mês, foi alvo de operação do Departamento de Investigações Criminais por lavagem de dinheiro envolvendo laranjas, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, na compra de veículos de luxo, lanchas, imóveis e depósitos em pelo menos 13 contas bancárias.