O criminoso Tiago Benhur Flores Pereira, 31 anos, é o principal líder da facção que fugiria do Presídio Central de Porto Alegre. Ele é condenado a 156 anos por assaltos, receptação e tráfico de drogas, dos quais ainda há 143 anos por cumprir. Benhur seria um dos presos que teriam acesso ao túnel que estava sendo aberto para uma fuga em massa do presídio.
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"Plantão de galeria" no Pavilhão B da prisão, Benhur, é uma espécie de prefeito "prefeito" dos detentos: representa os presos de sua ala perante a guarda e a administração da casa, promotores e juízes que atuam na Execução Penal. São eles que encaminham pedidos de transferências de setor ou de prisão, solicitam atendimento médico e resolvem conflitos internos.
O outro "prefeito" da facção é Fabrício Santos da Silva, o Nenê, 34 anos, que ainda tem 19 anos por cumprir, de uma pena total de 29 anos de condenações pelos crimes de homicídio, roubo e porte ilegal.
Em abril de 2014, o Ministério Público concluiu a Operação Praefectus, que investigou a ação dos prefeitos das duas galerias pertencentes à facção. De acordo com o que foi apurado pela Promotoria de Justiça Especializada Criminal da Capital, havia um esquema de extorsão, ameaça, roubo, receptação, tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro comandado por apenados do Presídio Central que exerciam a função.
Dois meses depois da operação, foram divulgadas escutas telefônicas nas quais Benhur admitia privilégios e mordomias na prisão, como TVs de última geração, cozinha superequipada, churrasco com carne de primeira e muito dinheiro. Na época, como punição, ele foi transferido para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Cerca de um ano depois, já estava de volta ao Central, reassumindo o posto de prefeito de uma das galerias da facção Os Manos.
Já Nenê, até maio do ano passado, cumpria pena na Pasc. Porém, naquele mês, sua companheira, ao final de uma visita, foi sequestrada a mando de outro apenado. Ele teria pago um resgate de R$ 400 mil para que ela fosse libertada. A Justiça, então, determinou sua transferência para o Central, como forma de "salvaguardar" sua integridade física.
Fazem parte do segundo escalão da facção dentro do presídio e com grande potencial financeiro Juliano Biron da Silva, 34 anos, e Luiz Fernando de Oliveira Jardim, o Rato. Biron é considerado pelo Denarc um dos maiores fornecedores de drogas do Estado. Foi preso em 2016, em Santa Catarina. Além das investigações relacionadas ao tráfico, há contra ele a suspeita de ter matado, por ciúme, o fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, 22 anos, em 2015, em Canoas.
Já Rato migrou dos assaltos a banco para o tráfico de drogas e, até ser preso, controlava toda uma região da Restinga, na zona sul da Capital.