A 4ª Delegacia de Polícia de Canoas, na Região Metropolitana, investiga a morte de um cachorro nas proximidades do Complexo Penitenciário de Canoas (Pecan). Segundo relatado aos policiais, o animal teria sido baleado por volta das 6h do dia 27 de maio.
Fiapo, nome dado ao cão pelo porte pequeno, vivia com outros cães nas proximidades do complexo e era cuidado por policiais penais que trabalham ali. O vira-lata tinha 10 quilos e ainda não havia completado um ano.
— Ele vivia com mais quatro cães ali por perto, na rua, mas os policiais penais cuidavam deles, alimentavam, davam remédio — diz o delegado Newton Filho, titular da 4ª DP de Canoas.
Foi um dos policiais penais quem realizou o boletim de ocorrência. A 4ª DP, especializada na proteção animal, já ouviu testemunhas, que confirmaram o relato.
O delegado diz que, segundo informações apuradas até agora, o policial militar estava sozinho no momento do disparo, feito no lado de fora da penitenciária. A segurança interna da Pecan é feita por policiais penais, mas a externa, fora dos muros do complexo, é feita pela Brigada Militar.
No local, não havia câmeras, já que, de acordo com o delegado, ficam direcionadas para o interior do complexo. Conforme o delegado, os policiais penais que prestaram depoimento afirmaram que ouviram o barulho do tiro e, por isso, correram para o local. Foi quando encontraram Fiapo ferido.
O delegado diz que os policiais penais afirmaram que o PM, que estava atuando na guarda externa, admitiu ter sido o autor do tiro que atingiu a cabeça de Fiapo. Ele teria dito aos colegas que se assustou quando o filhote e mais dois cães se aproximaram no escuro, latindo. A polícia ainda ouvirá o suspeito.
Ao delegado, os policiais penais contaram que levaram Fiapo, ferido, a uma clínica veterinária. GZH falou com um responsável pelo estabelecimento, que confirma o relato.
O prontuário do atendimento confirma que o animal chegou com vida na clínica, mas que em razão da gravidade do ferimento nada poderia ser feito. Para evitar o sofrimento, a equipe veterinária optou pela eutanásia.
Investigação
O PM é investigado pelo crime de maus-tratos. Segundo o delegado, ainda não existem elementos suficientes para confirmar o relato.
— Só podemos saber se foi desproporcional após análise de todos os elementos, para saber se ocorreram maus-tratos ou se foi um caso do estado de necessidade — explica Newton.
O artigo 24 do Código Penal descreve estado de necessidade como uma situação em que alguém pratica uma conduta ilícita para salvar outra pessoa ou a si de perigo, que não causou e nem podia de outro modo evitar.
Nas redes sociais, a hashtag #justiçaporfiapo circula com imagens do animal. Protetores da causa pedem que o atirador seja responsabilizado criminalmente.
O que diz a Brigada Militar
Segundo a Brigada Militar, o policial foi afastado de sua posição. Além da esfera criminal, ele será investigado internamente pela instituição.
* Produção: Camila Mendes