Começou por volta das 13h30min desta quinta-feira o depoimento da segunda testemunha no júri do Caso Miguel. Indicado pelo Ministério Público, o policial militar Jeferson Segatto estava na Delegacia de Tramandaí, em outra ocorrência, quando Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, mãe da criança, e Bruna Nathiele Porto da Rosa, madrasta, chegaram para registrar a ocorrência do susposto desaparecimento do menino.
Devido à gravidade do fato, que até então era considerado um desaparecimento de uma criança, o policial atuou no início do caso. No depoimento, o policial militar lembrou que era a mãe quem comunicava o desaparecimento:
— Chamou atenção o estado de tranquilidade dela, que tinha uma oratória muito calma, se expressava muito bem, falava muito bem, não demonstrava o nervosismo de uma mãe que estava com o filho desaparecido nos dois dias mais frios dos ano.
Segatto relatou que Yasmin manteve a versão de desaparecimento até a chegada na pousada onde as duas viviam com Miguel, mas impedia qualquer contato da equipe com Bruna, por medo de que ela falasse a verdade:
— A Yasmin falava muito, queria contar a história dela. Se verdade ou mentira, eu não sabia. Eu queria tentar um contato com a Bruna, queria entender se uma estava falando a mesma coisa que a outra.
Assim que os policiais chegaram na pousada, Yasmin perdeu o controle, segundo o PM.
— Assim que ela enxergou que nós íamos fazer contato com outros moradores, tentou se evadir e a gente a conteve — relembrou Segatto.
Ao ser questionado pelo MP sobre a aparência das duas rés momento em que confessaram ter matado o Miguel, Segatto descreveu:
— A Bruna, da mesma forma (que está no júri), quieta, olhar atento. A Yasmin, não. Não demonstrava nenhum tipo de tristeza, nenhum tipo de sentimento. Uma tranquilidade absurda, contava com detalhes como se falasse dessa garrafa de água.
Sobre a mala onde o corpo do menino Miguel teria sido transportado, o PM narrou:
— Dissemos pra ela (Yasmin) que um menino de sete anos não caberia naquela mala, e ela respondeu: "Cabe sim, botei ele, dobrei a perninha (...), pra facilitar de forma que eu abrisse a mala e ele escorregasse pra dentro do rio. E aconteceu bem como eu planejei".
Segatto ainda contou ter questionado a a mãe de Miguel se o corpo do menino boiou ou afundou, ao que ele respondeu: "Não sei, virei as costas e fui embora".
Antes da retomada da sessão, a defesa de Yasmin conversou com a imprensa e afirmou que vai pedir a condenação, mas apenas pelos crimes cometidos por ela.
— A própria Yasmin vai falar hoje, ela vai falar tudo — afirmou a advogada Thais Constantin, já que, na fase de instrução, Yasmin permaneceu em silêncio.
A defesa de Bruna não quis se manifestar antes da fase de debates.
Próximos passos
Ainda nesta quinta-feira (4), devem ser ouvidas mais uma testemunha de acusação e quatro de defesa. Inicialmente, eram previstas seis testemunhas de defesa, mas a mãe de Bruna e uma amiga de Yasmin desistiram de testemunhar.
Também há expectativa pelo interrogatório das duas rés nesta quinta, com a sexta-feira (5) iniciando já na fase de debates, que pode durar até nove horas.