O Ministério Público denunciou um homem de 38 anos pelo homicídio de Maria Rosane Stefanello, 53 anos, e Valdir Meller, 54. Os dois moravam em Campo Bom, no Vale do Sinos, e foram assassinados no dia 12 de janeiro deste ano. Segundo o delegado Rodrigo Câmara, o suspeito, cujo nome não foi divulgado, devia mais de R$ 200 mil ao casal, que supostamente praticava agiotagem, segundo a polícia.
— Ele (o acusado) recebia cobranças constantes e, como não conseguiria realizar o pagamento, armou uma emboscada para matar as vítimas — conta o delegado.
Ainda conforme a investigação da polícia, as cobranças realizadas pelo casal não eram feitas de maneira violenta, mas seriam “bastante incisivas e insistentes”. O delegado Câmara conta que, para os dois, a prática de emprestar dinheiro não seria eventual, pois “tinham diversos clientes”.
A polícia chegou ao suspeito após encontrar o carro que levou o matador até o local do crime, uma rua de chão batido no bairro Quatro Colônias, em Campo Bom, onde os corpos foram encontrados com marcas de tiros dentro de outro veículo, um Hyundai Creta que pertencia às vítimas. O proprietário do automóvel usado no crime foi encontrado pela Polícia Civil e revelou que no horário do fato teria emprestado o carro ao suspeito.
O investigado foi preso preventivamente no dia 29 de janeiro, em Sapiranga. No local foram encontradas drogas, uma balança de precisão e mil pinos de cocaína vazios. Por isso, ele também foi preso em flagrante por tráfico de drogas.
Entretanto, de acordo com o delegado, o empréstimo do alto valor não tinha relação com o crime organizado.
— O preso possuía uma indústria de sapatos, usava o dinheiro para financiar a atividade — conta o delegado.
Assassino conhecido
Segundo os depoimentos de familiares das vítimas, o investigado era conhecido e inclusive visitava a casa das vítimas.
Na época do crime, um parente próximo aos dois, que preferiu não se identificar, relatou a GZH que a família acreditava na possibilidade de que o assassino fosse uma pessoa conhecida, pois o casal teria ido por conta própria ao local do crime após receber um telefonema.
Além disso, o familiar havia contado que Maria Rosane e Valdir teriam emprestado dinheiro para alguém, que ainda não havia pago. Mas, de acordo com este parente, o casal não possuía grandes quantias.
O familiar conta que eles estavam em casa pelo menos até as 17h30min do dia do crime, quando teriam recebido um telefonema e saído logo em seguida. Menos de meia hora depois, a Brigada Militar atendeu uma denúncia sobre o Creta, que estava trancado e estacionado de maneira suspeita. Dentro dele, os PMs encontraram os corpos.
A testemunha também citou um detalhe na vestimenta da mulher: Rose, como era chamada, estava de chinelos quando foi assassinada.
— A gente que convivia com ela sabia que, nem se fosse pra ir ao mercado, ela sempre colocava uma sapatilha. Ela estava sempre arrumadinha, não saía de casa de chinelo — conta o familiar, que acredita que o casal tenha saído às pressas de casa após o telefonema.
Perfil
Maria Rosane Stefanello praticava Seicho-no-ie, uma filosofia de vida de origem japonesa que tem a gratidão, a positividade e a natureza como prioridades.
Ela trabalhava como psicoterapeuta e apresentava seu trabalho nas redes sociais. Segundo a família, ela e o companheiro, Valdir Meller, microempresário, seguiam esta filosofia no seu relacionamento. Eles eram conhecidos por serem calmos e espiritualizados.
— Eles tinham o costume de resolver seus problemas com diálogo. Estavam juntos havia mais de 30 anos e nunca teve violência e nem agressão — contou o parente. — Nunca foram de fazer nada de ruim pra ninguém, todo mundo gostava deles — reforçou.
Por conta disso, dias antes do crime, a família teria percebido que a mulher não estava se comportando como o usual.
— Ela estava mais quieta e um pouco mais séria. Por isso, achamos que é possível que eles estivessem sendo ameaçados — relatou o familiar na ocasião.
Valdir e Rose deixaram dois filhos, um homem e uma mulher, de 25 e 27 anos.
*Produção: Camila Mendes