Com o objetivo de desarticular um grupo criminoso com atuação na Região Metropolitana, principalmente em Canoas, a Polícia Civil, por meio da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, deflagrou na manhã desta terça-feira (9) a Operação Paranhos. Ao todo, foram expedidas 102 ordens judiciais, sendo 28 mandados de prisão preventiva, 44 mandados de busca e apreensão e 30 bloqueios de ativos financeiros, com cerca de 250 policiais envolvidos na ação. Até as 10h, 22 pessoas haviam sido presas. Outros seis indivíduos seguem foragidos.
Os suspeitos são investigados por agiotagem, extorsão e tráfico de drogas. Os mandados foram cumpridos em Canoas — de onde são as vítimas das ações que embasaram a operação — e também em Portão, São Sepé, Estância Velha, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Viamão, além de três presídios.
A investigação que levou à Operação Paranhos teve início há oito meses, e se originou como desdobramento de outra operação da Polícia Civil, denominada Extorsor, que teve três fases e culminou na prisão de 20 indivíduos por práticas de extorsão e agiotagem. Agora, a operação mirou a fonte de recursos dos envolvidos na operação anterior, após descoberta da participação de uma facção criminosa que fornecia pessoas para cobrar as dívidas, além de apoio logístico e financeiro, com origem no tráfico de drogas.
— A pessoa que pega um empréstimo com um agiota muitas vezes não sabe que aquele indivíduo tem ligação com o tráfico de drogas, e são pessoas desses grupos depois que vão fazer a cobrança, com ameaças e violência — afirma o delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, em Canoas.
Antes do desencadeamento da operação nesta manhã, em oito meses de apurações, a equipe investigativa, com autorização judicial, coletou e analisou cerca de 70 mil documentos, entre comprovantes bancários, fotos, vídeos, áudios e demais dados telemáticos. De acordo com os agentes, essas análises confirmaram a existência de aproximadamente 30 indivíduos associados para a prática de tráfico de drogas em Canoas, especialmente no Bairro Rio Branco.
Ainda conforme os policiais, a associação para o tráfico que foi alvo da operação desta terça-feira movimentou, entre março e julho de 2023, cerca de R$ 3 milhões com a aquisição e venda de drogas como cocaína e crack. As provas produzidas pela investigação também levaram à conclusão de que esses indivíduos envolvidos com tráfico de drogas apoiavam agiotas atuantes em Canoas.
— Detectamos que depois da pandemia, com muitas pessoas enfrentando dificuldades financeiras, com perda de crédito nos bancos, aumentaram os empréstimos com agiotas, pois muitos precisavam de dinheiro para pagar suas contas, incluindo pequenos empresários e comerciantes. O problema é que, na maioria das vezes, esses empréstimos se tornam impagáveis com os juros abusivos que os criminosos colocam, e as pessoas que pegam os empréstimos começam a ser vítimas das cobranças e ameaças feitas justamente por indivíduos ligados ao tráfico de drogas — complementa o delegado Reschke.