Enquanto enfrentam a dor da perda, familiares de Maria Rosane Stefanello, 53 anos, e Valdir Meller, 54, tentam entender o que está por trás da morte do casal natural de Sapiranga. Os corpos foram encontrados pela Brigada Militar na última sexta-feira (12), com marcas de tiros, dentro do automóvel Creta das próprias vítimas. O carro estava em um trecho de chão batido do bairro Quatro Colônias, em Campo Bom, no Vale do Sinos.
Um parente próximo ao casal, que prefere não se identificar, relatou a GZH que a família não acredita na possibilidade de crime passional – ou seja, que um dos dois tenha assassinado o cônjuge e cometido suicídio. O principal motivo da convicção é o bom relacionamento entre Maria e Valdir.
Mas há também um outro, mais técnico. Segundo o familiar localizado por GZH, a perícia teria apontado que os disparos teriam vindo do banco traseiro do veículo, reforçando a hipótese que o crime tenha sido cometido por um terceiro indivíduo, que poderia ter embarcado no carro com autorização das vítimas.
Por conta disso, a família teme pela própria segurança, pois acredita na possibilidade de que o assassino teria sido uma pessoa conhecida do casal. Um dos fatores que apontam para esta hipótese é que, segundo apuração preliminar da investigação, as vítimas teriam ido por conta própria ao local com seu carro.
Telefonema
O familiar conta que o casal estava em casa pelo menos até as 17h30min do dia do crime, quando teria recebido um telefonema e saído logo em seguida. Menos de meia hora depois, a Brigada Militar atendeu uma denúncia sobre o carro, que estava trancado e estacionado de maneira suspeita.
O entrevistado também cita um detalhe na vestimenta da mulher: Rose, como era chamada, estava de chinelos quando foi assassinada.
— A gente que convivia com ela sabia que, nem se fosse pra ir ao mercado, ela sempre colocava uma sapatilha. Ela estava sempre arrumadinha, não saía de casa de chinelo — conta o familiar, que acredita que o casal saiu às pressas de casa após o telefonema.
Perfil
Maria Rosane Stefanello praticava Seicho-no-ie, uma filosofia de vida de origem japonesa que tem a gratidão, a positividade e a natureza como prioridades.
Rose trabalhava como psicoterapeuta e apresentava seu trabalho nas redes sociais. Em uma postagem feita no ano passado, ela escreveu: “Cada vez que ajudo alguém a entender o quanto nossa mente é poderosa, meu coração se preenche de uma alegria tão grande que parece que vou flutuar.”
Segundo a família, ela e o marido, Valdir Meller, microempresário, seguiam esta filosofia no seu relacionamento. Eles eram conhecidos por serem calmos e espiritualizados.
— Eles tinham o costume de resolver seus problemas com diálogo. Estavam juntos havia mais de 30 anos e nunca teve violência e nem agressão — conta o parente. — Nunca foram de fazer nada de ruim pra ninguém, todo mundo gostava deles — reforça.
Por conta disso, dias antes do crime, a família teria percebido que a mulher não estava se comportando como o usual.
— Ela estava mais quieta e um pouco mais séria. Por isso, achamos que é possível que eles estivessem sendo ameaçados — conta o familiar.
Valdir e Rose deixam dois filhos, um homem e uma mulher, de 25 e 27 anos.
Investigação
O chefe da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, Eduardo Augusto de Moraes Hartz, diz que “o fato segue sendo investigado”.
— A perícia foi realizada e aguardamos as conclusões — destaca o delegado, que prefere manter detalhes em sigilo. — A polícia segue trabalhando para identificar autoria, motivação e circunstâncias. Nenhuma linha de investigação é descartada, é muito cedo para ter uma hipótese principal — completa.
* Produção: Camila Mendes