A mulher que teria matado o marido a tiros durante uma festa em Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo, no último dia 28, alega que agiu em legítima defesa. Depois de ser ouvida pela Polícia Civil, ela foi liberada para responder em liberdade pela morte de Tiago Galvão, 34 anos. O nome da investigada é mantido em sigilo pela polícia.
Os estampidos foram ouvidos na vizinhança, assim como a música alta que tocava desde a manhã na residência do casal. Segundo vizinhos ouvidos por GZH, o casal, que recém havia se mudado para o bairro Arco Íris, estaria comemorando o noivado da filha. Vários convidados confraternizavam desde a manhã daquela quinta-feira. À noite, uma discussão entre marido e mulher teria rompido com o clima de festa e culminado na tragédia familiar.
— Existe uma ocorrência de violência registrada pela investigada. Em seu depoimento, ela alegou legítima defesa. Mais detalhes não serão divulgados nesta etapa do trabalho — afirma a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, titular da Delegacia de Polícia (DP) de Vera Cruz.
A investigada deixou a residência logo após a morte do marido, a bordo de uma caminhonete Fiat Toro, mas apresentou-se na DP na última sexta-feira (5), quando foi ouvida.
Testemunhas
A delegada Lisandra diz considerar que o caso é bastante complexo e demandará grande esforço de investigação. A arma do crime não foi localizada. Perícias foram solicitadas e outras diligências estão em andamento.
A família envolvida nos fatos pertenceria a uma comunidade cigana com integrantes residentes em outros municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Por conta disso, muitas das testemunhas da morte de Tiago Galvão, que estariam na festa, seguiram caminhos diversos depois do episódio e não estão sendo encontradas pela polícia.
Uma pessoa ouvida por GZH em Vera Cruz, que pediu para não ser identificada, conta que foi interpelada por Galvão, semanas antes da morte, em uma proposta comercial que não a interessou.
— Ele se apresentou como investidor. Era uma proposta de quem é negociante, visando ganhos futuros. Mas não trabalhamos dessa forma por aqui — comenta o empresário de Vera Cruz.
Em seu depoimento à polícia, a investigada não teria sido clara sobre a natureza da festa — e a polícia não confirma, tampouco nega, que se tratava de uma celebração de noivado. Ela também não teria oferecido mais detalhes sobre a composição familiar e sua rotina durante a breve estadia em Vera Cruz, onde ocupara, com o marido, uma casa alugada.
Depois de se apresentar na delegacia e responder ao interrogatório, ela deixou a cidade. Nenhuma das pessoas presentes na noite do fato foi vista novamente pela vizinhança ou localizada pelas autoridades.
Perícias são aguardadas
Sem conhecimento sobre o paradeiro de testemunhas — a própria filha do casal teria um seguido rumo divergente da mãe — a polícia embasa a investigação na busca de provas técnicas. Necropsia e exames na cena do crime estão sob análise. Imagens são escassas, já que aquele ponto da Rua Carlos Hepp não possui câmeras de videomonitoramento.