A investigação sobre o assassinato de uma mulher após desaparecer em Progresso, município de 5,3 mil habitantes no Vale do Taquari, levou a Polícia Civil a prender três homens nesta semana. Eloete de Oliveira Brandão, 53 anos, sumiu há um mês, da casa onde vivia, na área rural. Pouco mais de uma semana após o desaparecimento, o corpo da vítima foi localizado às margens de uma estrada. O caso é investigado como homicídio.
Na manhã da última terça-feira (12), policiais civis e militares desencadearam uma operação relacionadas ao caso. Durante o cumprimento dos mandados de busca, em Boqueirão do Leão, município a cerca de 20 quilômetros de Progresso, prenderam dois homens em flagrante: um por porte ilegal de arma de fogo e munição e outro por tráfico de drogas.
Com um dos investigados, foi encontrada uma pistola de calibre 9 milímetros com numeração raspada, 19 munições e cerca de R$ 3,6 mil em dinheiro. O outro preso foi flagrado com porções de drogas, pinos para armazenar cocaína, duas balanças de precisão e uma máscara. Os dois foram encaminhados à Polícia Civil de Venâncio Aires.
— As duas prisões (em Boqueirão do Leão) ocorreram durante mandados de busca e diligências para a elucidação do fato — afirma a delagada Márcia Bernini, da delegacia de Progresso, que evita fornecer detalhes sobre quem são os presos e qual seria a participação deles no crime.
Na tarde do mesmo dia, a polícia cumpriu mandado também em Progresso, onde foi presa de forma temporária mais uma pessoa suspeita de envolvimento no assassinato de Eloete. A polícia não informou qual a relação com a vítima e nem o que os presos relataram em depoimento.
O sumiço
O desaparecimento chegou à Polícia Civil como um possível sequestro, por meio do relato do marido da vítima. O casal vivia na localidade de Anto Bravo, na área rural de Progresso, a cerca de 15 quilômetros do centro. Segundo o marido, Valdeci Brandão, 47 anos, os dois já estavam deitados, na noite de 13 de fevereiro, quando, por volta das 21h, ele ouviu os cachorros latirem.
O homem relatou que se levantou e, naquele momento, avistou pessoas do lado de fora encapuzadas e armadas. A mulher teria permanecido dormindo, enquanto ele teria pulado uma janela e seguido até a casa de um vizinho para pedir ajuda e chamar a polícia. O marido contou que cerca de meia hora depois, voltou ao local e a mulher não estava mais na casa. Os policiais encontraram marcas de sangue na residência.
Em entrevista à Rádio Independente, na tarde de terça-feira, o marido de Eloete disse que costuma ir frequentemente à polícia e que espera que os responsáveis pelo assassinato da esposa sejam todos presos.
— Não vou parar, enquanto eles não irem pra cadeia. Confio na Justiça, e vou até o fim. Só vou ter paz quando colocar os culpados na cadeia. Não estou vivendo mais. Estou desesperado. Até me acusaram. Eu nem sei o que dizer mais. Está muito triste isso — afirmou.
Morta com tiro
O desaparecimento de Eloete levou as polícias e bombeiros a montarem uma operação para tentar localizar a mulher, inclusive com uso de helicóptero e cães farejadores. Apesar do relato de um possível sequestro, nenhum pedido de resgate chegou a ser realizado durante o sumiço de Eloete. Também não teriam sido levados pertences da moradia do casal, o que fez a polícia afastar a possibilidade de um assalto.
Pouco mais de uma semana após o desaparecimento, o corpo de uma mulher em avançado estado de decomposição foi encontrado na região que pertence à comunidade de Arroio Abelha, em Sério. Segundo a Polícia Civil, a vítima foi identificada por meio do exame papiloscópico, que analisa as impressões digitais. Já havia sido realizada coleta de material genético de uma filha de Eloete, em razão do desaparecimento, caso fosse necessário recorrer ao exame de DNA, mas isso não foi preciso.
O estado em que se encontrava o corpo da vítima faz os investigadores suspeitarem que ela tenha sido morta na mesma data em que desapareceu. Ou seja, ela já estava morta havia cerca de uma semana quando o cadáver foi localizado. O laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) apontou ainda que a mulher foi morta com um disparo de arma de fogo nas costas, segundo a Polícia Civil.
Segundo a delegada Márcia, responsável pelo caso, a policia trata a investigação com prioridade e espera concluir o caso em breve.
— Ainda estamos realizando várias diligências, buscando provas, mas estamos trabalhando muito neste caso. É um município pequeno, não é um crime comum — diz a policial.