A Polícia Civil realiza, na manhã desta quarta-feira (13), operação para apreender aeronaves, lanchas, motos aquáticas, carros, imóveis e outros bens adquiridos por grupo criminoso responsável por assalto a bancos, tráfico e agiotagem. A ação ocorre simultaneamente em Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, São Leopoldo, Canela, Lajeado, Encantado, Santa Cruz do Sul, Barão do Cotegipe, Erechim e Ijuí, no Rio Grande do Sul, além de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e Curitiba e Foz do Iguaçu, no Paraná. Até as 10h, duas pessoas tinham sido presas em flagrante em Encantado, no Vale do Taquari, e em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo.
Denominada Intocáveis – Ultimato, a operação decorre de investigações conduzidas pela 1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A meta é combater a lavagem de dinheiro praticada por uma organização que teria R$ 40 milhões apenas em uma das 59 contas bancárias alvos de bloqueio judicial.
— A operação visa atingir o patrimônio de uma quadrilha, que tem vinculação com facção que tem origem na zona leste de Porto Alegre, e que teve integrantes presos em março de 2022. A partir destas prisões, a polícia identificou o processo de lavagem de dinheiro cujos bens e valores estão sendo apreendidos na atual etapa — descreve o delegado Eibert Moreira.
São 42 mandados de busca e apreensão domiciliar, 59 bloqueios de contas bancárias, 59 sequestros de criptoativos, apreensão de 12 automóveis, seis imóveis e 63 aeronaves e embarcações. O cumprimento dos mandados tem apoio das polícias civis de Santa Catarina e do Paraná, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Marinha do Brasil.
Conforme o delegado, o crime que deu origem ao trabalho de investigação foi um ataque a uma agência bancária localizada na Avenida do Forte, na Capital, em 16 de março de 2022. Imagens do circuito interno do banco, cedidas pelo Deic, mostram os criminosos circulando pela agência e obrigando uma funcionária a abrir cofres e entregar dinheiro. Os vídeos também revelam o momento da chegada da polícia, rendendo e prendendo em flagrante membros da quadrilha.
Todos, segundo Eibert, cumprem penas por este e outros crimes relacionados. O prosseguimento das investigações apontou que os criminosos mantinham atividades de tráfico de entorpecentes, compra e venda de armas e bens roubados, como joias e relógios. Com os desdobramentos, afirma o delegado, outras pessoas passaram a ser alvos da investigação, chegando aos responsáveis pelas contas, imóveis e veículos terrestres, aquáticos e aéreos.
Movimentações milionárias
Moreira explica que o acompanhamento sigiloso das movimentações financeiras da organização, por cerca de um ano e meio, revelou atividades de lavagem de dinheiro em somas milionárias. Apenas um dos alvos investigados, que possui, como negócio de fachada uma revenda de automóveis em Cachoeirinha, teria movimentado mais de R$ 39 milhões. Outro alvo, com domicílio identificado no Paraná, teria movimentado mais de R$ 41 milhões. No total, a polícia estima que o grupo tenha movimentado mais de R$ 123 milhões.
— A operação foi nominada de Intocáveis para remeter à forma como os membros deste grupo criminoso se autodeclaravam para se diferenciar no submundo. Já a palavra Ultimato foi escolhida para marcar o compromisso da Polícia Civil com o enfrentamento à violência praticada por estes indivíduos — define Moreira.