A Polícia Civil indiciou por injúria racial, lesão corporal e ameaça o morador que agrediu o porteiro a socos em um condomínio do bairro Rio Branco, em Porto Alegre, em fevereiro deste ano. O caso aconteceu na noite de 21 de fevereiro, em um condomínio na Rua Professor Álvaro Alvim. O inquérito foi finalizado e será remetido à Justiça ainda nesta terça-feria (12).
Na ocasião, o porteiro Rodinei Antônio Xavier, de 53 anos, foi atingido por socos na cabeça. Pelas imagens de câmeras de segurança é possível ver Rafael Fortes Keller indo em direção à guarita onde Xavier estava. Eles discutem por cerca de cinco minutos até que o morador atinge o porteiro com socos (veja imagens acima). O porteiro afirmou que o motivo teria sido um desentendimento envolvendo uma telentrega.
O caso foi investigado pela delegada Tatiana Bastos, à frente da da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância de Porto Alegre. Ela aponta que o indiciamento está enquadrado na lei do ano passado que equipara a injúria racial ao crime de racismo. Em caso de condenação, esse delito prevê de dois a cinco anos de prisão, além de multa, sem direito a fiança.
Rafael, Rodinei e todas as testemunhas foram ouvidos pela polícia. Além das agressões físicas, o porteiro registrou um boletim de ocorrência posterior em que afirma ter sido vítima de insultos racistas por parte do morador.
Um último laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) ainda é aguardado e deve demorar mais de 30 dias. O parecer do IGP pode apontar se as lesões sofridas por Rodinei foram graves ou leves.
Por enquanto, o inquérito será enviado com base nos boletins médicos de atendimento a Rodinei no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) e no Hospital Banco de Olhos.
A reportagem de GZH entrou em contato com a advogada Gabriela Pires, que representa Rafael, que informou ainda não ter tido acesso ao relatório do inquérito. Ela afirmou que, “considerando a coletiva de imprensa concedida pela delegada, que não aguardou o final das investigações para publicar sua conclusão, o indiciamento nesses termos não é surpresa.” A defesa concluiu que irá “aguardar o posicionamento do Ministério Público e se manifestará em um eventual processo quando for oportuno”.