O secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, falou, nesta segunda-feira (19), sobre um estudo que revelou que o cidadão ser negro é a característica mais percebida como suspeita por um grupo de policiais gaúchos para justificar abordagens.
O estudo foi publicado em 2023, a partir de questionários respondidos de forma anônima, em 2020, por 113 policiais. A pesquisa foi conduzida pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes em parceria com o governo do Estado.
Questionado nesta segunda-feira (19) sobre os resultados desse estudo, o secretário relativizou o conteúdo da pesquisa.
— Isso é com base em uma pesquisa que teria sido feita há muito tempo. É uma pesquisa antiga. Teria de ver detalhes dessa pesquisa, para ver exatamente como foi feita — respondeu Caron, ao ser questionado sobre o tema, no programa Timeline, da Rádio Gaúcha.
A pesquisa do Escritório da ONU sobre Drogas e Crimes, em parceria com o governo do Estado, foi iniciada em 2013 para avaliar o monitoramento do uso da força e o respeito às normas por policiais gaúchos. Em 2023, o relatório final da cooperação técnica foi publicado.
Entre as atividades realizadas pelo Escritório da ONU, houve a aplicação de um questionário sobre práticas de policiamento e percepção social. As perguntas foram respondidas de forma anônima pelos agentes.
A principal questão do questionário de 2020 destacada no relatório final foi:
"Na sua atuação profissional cotidiana (...), o quanto as características abaixo são compreendidas como suspeitas a ponto de gerar uma abordagem?". A partir das respostas dos policiais, os pesquisadores montaram um ranking. A característica "ser negro" foi aquela mais respondida como suspeita pelos policiais para justificar uma abordagem. Em uma escala de 0 a 3,5, teve peso 2,95. A característica menos relevante foi "parecer estar vendendo drogas", com peso 1,15.
Na mesma entrevista ao Timeline, o secretário da Segurança Pública foi questionado se há uma questão cultural que gera práticas racistas em corporações policiais. Caron respondeu que não há orientação para os policiais serem racistas e que as instituições trabalham para coibir tais práticas.
— Não há nenhum tipo de orientação nesse sentido. A gente trabalha para coibir isso. E a gente tendo conhecimento de eventual colega, de eventual policial que tem esse critério, vamos agir dentro do que o Comando tem que fazer, do que a Corregedoria tem de fazer. Não vamos admitir nenhum tipo de conduta racista — disse Caron.
Clique aqui e leia a íntegra da reportagem de GZH que revelou o estudo sobre abordagens policiais no Rio Grande do Sul.