Após 25 incursões em cenários de mata densa e variações de relevo, vistorias em propriedades rurais e perícias diversas, sem êxito na localização de evidências sobre o paradeiro de Selívio Colombo, as autoridades resolveram arquivar o caso. O agricultor, que estava com 66 anos, foi visto pela última vez por seus familiares em 13 de julho do ano passado, ao sair de casa na localidade de Canastra Alta, em Três Coroas, no Vale do Paranhana.
O arquivamento foi solicitado pelo titular das investigações, delegado Ivanir Caliari. Com o pedido, o Ministério Público postulou o arquivamento da apuração, mantendo possibilidade de reabertura dos trabalhos, caso surjam novas informações. No entendimento do promotor de Justiça Daniel Ramos Gonçalves, os elementos colhidos não foram suficientes para esclarecer a razão do desaparecimento e todas as diligências possíveis já foram realizadas.
Selívio vivia com companheira e filha. Representada pelo advogado Fábio Fischer, a família afirma reconhecer o esforço das autoridades e diz manter expectativa de que eventual nova pista possa contribuir para dar desfecho à incerteza que vivencia.
— Não há qualquer insatisfação com o trabalho da Polícia Civil. Pelo contrário, existe gratidão pelo empenho. Por outro lado, resta o sofrimento de não haver uma resposta. Eles não tiveram a oportunidade de viver o luto pela perda e não podem desapegar-se totalmente da esperança de uma notícia positiva. É realmente uma situação bastante difícil a que esta família está passando — pontua Fischer.
O Tribunal de Justiça do Estado (TJRS) confirmou que o pedido de arquivamento foi acolhido no dia 8 em decisão da juíza Vivian Feliciano.
Relembre o caso
O desaparecimento de Selívio Colombo passou a ser investigado logo depois da comunicação feita pela família à Polícia Civil. O agricultor teria saído de casa para trabalhar na manutenção de um sítio de sua propriedade, onde mantinha lavoura e animais. O trajeto, de cerca de três quilômetros entre os dois locais, costumava ser cumprido a pé pelo idoso quase diariamente.
Durante as apurações, a polícia reconstituiu o percurso, observando possíveis desvios e rotas alternativas que poderiam ter sido adotadas por Selívio. Por decorrência da idade do agricultor, hipóteses como a possibilidade de um acidente por queda ou a perda do caminho por desorientação foram suscitadas.
Um mapeamento territorial, com base nas atividades e nos hábitos da família, foi realizado utilizando imagens de satélite e apontamentos georreferenciados. Foram feitas buscas com apoio de voluntários ambientados na região. Cães farejadores do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS), do Corpo de Bombeiros Militar, participaram das incursões na mata.
Perícias à procura de sinais de violência foram efetuadas na moradia e nos locais de trabalho do agricultor. Dados bancários foram checados. Pessoas próximas, ouvidas. A polícia listou vizinhos capazes de terem avistado Selívio em sua caminhada. Nenhuma das alternativas aplicadas deu resultado.