Condenado a 31 anos e oito meses de prisão pela morte do filho Bernardo, o médico Leandro Boldrini ficou em quarto lugar na seleção para entrar no programa de residência médica em coloproctologia no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Conforme o edital, havia apenas uma vaga disponível para a especialidade.
O resultado foi divulgado na quarta-feira (10) pelo Centro de Ciências da Saúde. Ainda há prazo para recursos e suplentes podem ser convocados em caso de desistências.
O médico havia participado da primeira etapa, uma prova teórico-objetiva, em 19 de novembro, quando 13 candidatos se habilitaram para concorrer. Na segunda etapa, que consistia em uma entrevista, quatro dos 13 candidatos compareceram, entre eles Boldrini, que ficou em quarto lugar.
Por estar no semiaberto, se aprovado, Boldrini poderia deixar o Instituto Penal durante o dia para participar da residência.
Em novembro, o médico foi absolvido no processo disciplinar do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), que avalia questões éticas e técnicas. Por isso, não há impedimento para exercício da medicina.
Procurada ainda durante o processo seletivo, a defesa de Boldrini alegou que a participação do processo era de "caráter íntimo", sem qualquer interferência dos advogados.
Condenação
O menino Bernardo foi morto em abril de 2014, aos 11 anos, após receber uma superdosagem de sedativo. Além de Leandro Boldrini, foram condenados pelo crime a madrasta do menino, uma amiga dela e o irmão da amiga. Todos foram sentenciados por homicídio em 2019. No entanto, a sentença de Leandro, considerado mentor do assassinato pelo Ministério Público, foi anulada pelo Tribunal de Justiça em 2021.
Em março de 2023, Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
Preso desde 2014, ele atingiu o requisito de tempo previsto para passar do regime fechado para o semiaberto. Ele cumpriu dois quintos da pena, por isso, alcançou o direito à progressão, já que trabalhou desde o início. Boldrini atuava na cozinha da prisão onde estava.
Em julho, ele foi beneficiado pelo uso de tornozeleira eletrônica em razão da falta de vagas no sistema prisional. Conforme a juíza responsável pela decisão, a medida acompanhou o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em setembro, ele passou a cumprir a pena em Santa Maria, ainda com a tornozeleira. O processo foi redistribuído da 1ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre para a Vara de Execução Criminal Regional de Santa Maria. Com a mudança de endereço, o novo órgão ficou responsável por dar sequência ao cumprimento das condições até então fixadas.