A compra de câmeras corporais da Motorola para instalação em uniformes de policiais do Rio Grande do Sul foi barrada por duas falhas identificadas durante testes com o equipamento. Os problemas estão descritos em um relatório produzido pela comissão do governo do Estado que avaliou o sistema. O documento indica que a Motorola falhou em dois dos 83 quesitos analisados. Por isso, a empresa foi desclassificada na licitação.
A primeira falha foi percebida na alternância entre os dois modos de gravação: “de rotina” e “intencional”. As câmeras da Motorola, segundo os avaliadores, não responderam aos comandos para mudança de qualidade de gravação, gravando apenas no modo de alta resolução e consumindo muito rapidamente a bateria.
O sistema que o governo do Estado quer comprar deve garantir a gravação em média qualidade, sempre que a câmera for retirada da base de recarga, e um segundo modo, de alta qualidade, a ser acionado pelo policial durante o atendimento de ocorrências.
O segundo problema foi percebido no sistema para borrar as imagens gravadas. Em um dos testes previstos, o mecanismo automático não conseguiu distorcer com precisão as faces das pessoas que apareciam no vídeo — o que é exigido na licitação.
A comissão ainda apontou um terceiro problema, que não estava nos quesitos a serem checados no teste. Parte dos registros ficaria disponível por um link externo, comprometendo a segurança do sistema.
“Após todas as análises e considerações aqui realizadas, a comissão avaliou todos os quesitos apresentados (...) concluiu que a proposta da Motorola não atende na íntegra os requisitos do Termo de Referência, não podendo ser homologada para continuidade do processo”, diz trecho do documento.
A comissão que analisou as câmeras é formada por seis integrantes da Brigada Militar.
GZH buscou uma posição da Motorola sobre o resultado dos testes com o equipamento, mas não obteve retorno até esta publicação.
Governo convoca última colocada na licitação
Por meio de nota, na quarta-feira (20), o governo do Estado confirmou a desclassificação da Motorola, e o chamamento da última colocada na licitação, a Advanta Sistemas de Telecomunicações e Serviços de Informática Ltda. A oferta da Advanta será agora analisada pelo governo.
A licitação prevê a aquisição de sistema com 1,1 mil câmeras corporais para uso em uniformes de policiais militares e civis. Nesta primeira etapa de implementação, mil serão usadas nas fardas de servidores da Brigada Militar, em Porto Alegre, e outras cem serão destinadas à Polícia Civil — em grupos "de elite" e nas delegacias de homicídios.