A Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) da Polícia Civil informou, nesta segunda-feira (2), que irá representar – em pedido ao Poder Judiciário – pela prisão preventiva das três pessoas envolvidas no falso sequestro revelado após a mobilização de grande aparato policial na madrugada de 24 de setembro. Presos em flagrante pelo crime, mãe e tios da criança de dois anos acabaram recebendo direito à liberdade provisória no mesmo dia.
O desfecho ocorreu por meio de dois dias de ações para investigação e culminou com o resgate da criança que havia sido deixada pelos suspeitos aos cuidados de uma família no bairro Restinga.
— Trata-se de uma situação gravíssima, que envolveu a comunicação de um fato fantasioso e que promoveu a mobilização de um grande contingente de servidores e de recursos importantes do Estado. Verificou-se que era uma denúncia falsa, implicando risco à segurança de um bebê, em uma aparente armação motivada por intenção de vingança contra um homem que conviveu com aquela família — descreve a delegada Camila Defaveri.
A delegada explica que a Polícia constatou, no decorrer das investigações, que haveria um plano do trio de fugir para Santa Catarina, passando pelo Litoral Norte gaúcho como forma de despistar sobre seu paradeiro. Com as informações, a polícia confirmou a localização e executou operação de busca e apreensão neste novo endereço, recolhendo os novos celulares que estariam em uso dos investigados.
Os aparelhos serão submetidos a exames, juntamente com outros três dispositivos que já estão sob a análise do Instituto-Geral de Perícias (IGP). A expectativa, segundo Camila, é descobrir mais indícios e elementos sobre os crimes investigados, através da observação de diálogos entre eles e com outras pessoas próximas.
A delegada aponta que a análise preliminar destes dados de comunicação tem sido preponderante para a elucidação dos fatos.
— Havia conversas que indicavam a existência da armação. Também havia diálogos aparentemente forjados, construídos para dar sustentação ao plano. Todas estas informações serão reforçadas com a varredura integral que está sendo realizada. Nossa expectativa é de remeter em breve o inquérito ao Judiciário consolidando os indiciamentos — pontua Camila Defaveri.
Soltura após flagrantes
A delegada lamenta que os presos tenham sido liberad0s após a homologação dos flagrantes, ocorridos logo depois do resgate do menino, em 24 de setembro. Segundo ela, a Polícia Civil entende que existem elementos para que os três investigados – a mãe da criança, que está com 20 anos, sua irmã de 30 anos e o cunhado de 32 anos – sejam privados da liberdade no curso das apurações, pois eles teriam demonstrado, em mais de uma atitude, o interesse de interferir no andamento da investigação.
— A mudança de cidade, a intenção de fugir, a troca dos telefones para que se comuniquem sem o conhecimento dos investigadores, o fato de dois deles terem antecedentes, de silenciarem nos interrogatórios, mostrando que não irão colaborar com os esclarecimentos são definitivos, em nosso entendimento, de que a prisão preventiva dos três se faz necessária — comenta.
Camila conta, por outro lado que o pai do menino, um homem de 30 anos implicado nas falsas denúncias, colabora com as investigações, tendo ele próprio oferecido acesso a dados de comunicação, entregando seu telefone para exames do IGP. O trio, afirma a delegada, permanecerá sendo monitorado até uma nova decisão da Justiça.