As autoridades de segurança pública do Sergipe aguardam pelas últimas análises de laboratórios forenses, no próprio Estado e também no Rio de Janeiro, para determinar como morreu de Celso Adão Portella. Prioritariamente, a resposta perseguida pelos investigadores é se a morte ocorreu por causa natural ou se o jornalista gaúcho foi assassinado antes de ter o corpo escondido em uma mala colocada no interior de um refrigerador no apartamento onde residiu.
— Esperamos poder contar com os resultados destes últimos exames em cerca de uma semana para que as respostas pendentes, sobretudo se houve um crime, sejam apresentadas à sociedade — aponta o diretor do Instituto Médico Legal (IML) sergipano, perito Victor Barros.
Com todas as amostras necessárias para os exames já retiradas, os restos mortais de Portella foram entregues a familiares dele no início desta semana. O velório acontece na manhã desta quinta-feira (26), no Cemitério São Miguel e Almas, onde ele também deve ser sepultado.
As análises, explica Barros, estão sendo finalizadas em laboratórios no próprio Estado e também em uma unidade científica forense do Rio de Janeiro. A remessa de material ao Estado fluminense ocorreu por conta da especialização do Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, vinculado à Polícia Civil do Rio de Janeiro, em exames relacionados ao tempo de morte, uma das principais dúvidas no caso do jornalista gaúcho.
— Levamos em consideração esta especialidade em filogenia dos colegas cariocas por decorrência da dúvida sobre o intervalo entre a morte e o encontro do corpo — descreve.
Barros assegura que os resultados indicarão de forma "fidedigna o intervalo de morte" de Celso Portella, que teria falecido em 2016, segundo depoimento de sua ex-companheira, indiciada pela ocultação do cadáver.
Indício de crime
Exames em resquícios de tecido, ossos e cabelos, os quais também estão em fase de finalização no Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) do Sergipe, devem apresentar a resposta mais relevante para as investigações: qual foi a forma da morte de Celso Adão Portella. Exames realizados na ossada, ainda em setembro, não indicaram evidências de morte violenta.
— São duas respostas muito esperadas pela investigação. Primeiro, queremos saber se houve aplicação de algum método artificial para a conservação do corpo. E, mais importante, descartar ou confirmar se aconteceu algum tipo de violência, intoxicação ou mesmo envenenamento para contribuir ou ocasionar o óbito — relata Barros.
O diretor do IML do Sergipe destaca que esta é a peça-chave para as conclusões da Polícia Civil, pois indicará se a morte foi natural ou pode ter resultado de um crime, o que mudaria o desfecho do inquérito, concluído e entregue ao Poder Judiciário, contendo o indiciamento da ex-companheira do gaúcho pela ocultação do cadáver.
Esta mulher, de 37 anos, sustenta que a morte aconteceu de forma natural, em 2016, e afirma que decidiu esconder o corpo do ex-companheiro por medo das consequências. A descoberta dos fatos teve início na manhã de 20 de setembro deste ano, durante a execução de uma ordem para reintegração de posse no apartamento onde os dois teriam convivido por cerca de oito anos.
Ao ser notificada por um oficial de Justiça, a investigada infligiu ferimentos nela própria, sendo hospitalizada e, posteriormente, encaminhada pelo Judiciário ao cumprimento de medida cautelar de internação psiquiátrica. Ele prossegue nesta situação aguardando a conclusão do trabalho policial.