Embora não tenham encontrado vestígios de violência nas análises já realizadas, os investigadores da Polícia Científica e do Departamento de Homicídios de Sergipe não descartam que Celso Adão Portella tenha sido vítima de homicídio. O corpo do jornalista gaúcho foi encontrado em uma mala, dentro de uma geladeira, em um apartamento de Aracaju, no Sergipe, no dia 20 de setembro.
A partir da confirmação da identidade, divulgada na manhã desta quinta-feira (28), o trabalho se concentra agora em definir se o jornalista morreu por causas naturais ou se foi assassinado antes de ter o corpo colocado em uma mala, depois acondicionada em uma geladeira.
— Explicar a forma da morte é principal desafio após a confirmação da identidade da pessoa encontrada há apenas oito dias (20 de setembro). Não será fácil, mas estamos determinados a prestar este esclarecimento à sociedade — define o delegado Tarcísio Tenório, que preside o inquérito.
Para Tenório, não restam dúvidas sobre a efetividade das conclusões científicas que levaram à identificação. O delegado acrescenta que foi preponderante a apresentação de um prontuário clínico pelo médico que implantou prótese no joelho esquerdo de Portella, em cirurgia realizada poucos anos antes do período presumido de sua morte.
— Nesta nova etapa, os peritos vão realizar ensaios bioquímicos nos ossos, que já passaram por análise microscópica, foram radiografados e não indicaram nenhuma evidência de agressão. Através dos novos exames, queremos descobrir a causa e o tempo da morte. O esqueleto foi limpo. Será observado osso por osso, pedaço por pedaço, minuciosamente — revela.
Tarcísio Tenório diz também que a mala e o refrigerador onde estava o corpo de Portella igualmente foram levados aos laboratórios da policia científica do Sergipe para serem submetidos a testes que indicarão a forma de conservação e o período estimado para a decomposição do cadáver.
— Há diversas hipóteses sendo analisadas. Nada está descartado. Haverá busca por substâncias no material biológico, que possam indicar rumos mais precisos à apuração, inclusive se a conservação do corpo se deu por interação química ou por refrigeração. Mas o principal é a definição sobre a causa da morte — pontua o delegado.
Investigada tem prisão convertida em internação
Tarcísio Tenório aponta que pretende interrogar novamente a mulher que admitiu ter escondido o corpo de Celso Portella em depoimento prestado no registro do flagrante, após a descoberta do cadáver no apartamento do bairro Suíssa, em Aracaju.
Esta mulher, de 37 anos, cuja identidade não está sendo revelada pelas autoridades, afirmou ter sido companheira do jornalista gaúcho e disse que o encontrou sem vida ao chegar do trabalho, em 2016, tendo tomado a decisão de esconder o corpo em casa. Segundo o delegado, ela foi presa, inicialmente, mas teve a prisão convertida em internação psiquiátrica.
— A investigada infligiu ferimentos nela própria, antes do cumprimento da ação judicial no imóvel. A Polícia Militar precisou ser chamada e arrombou a porta, encontrando a mulher com perda de sangue. Ela foi socorrida, atendida e teve sua prisão decretada. Contudo a Justiça considerou informações clínicas e determinou a medida de internação. Precisamos ouvi-la novamente para compararmos detalhes já investigados com a descrição dos fatos por ela para que consigamos chegar à conclusão se a morte foi natural ou violenta — conta Tenório.