A Polícia Civil do Sergipe concluiu e remeteu à Justiça nesta terça-feira (3) o inquérito sobre o caso Celso Adão Portella, jornalista gaúcho cujos restos mortais foram encontrados durante execução de uma ordem judicial em 20 de setembro, em um apartamento de Aracaju. O cadáver, em estado de esqueletização, estava acomodado em uma mala, em posição fetal, dentro de uma geladeira. O inquérito indicia a mulher de 37 anos que conviveu com Portella desde 2008 por ocultação de cadáver e por maus-tratos à filha de quatro anos, em decorrência da condição insalubre na qual as duas viviam no imóvel. A polícia, no entanto, não descartou que exames periciais complementares possam indicar uma mudança no rumo das investigações.
— Era necessário concluir esta etapa, na qual há elementos suficientes para apontarmos a ocultação e a situação relacionada à criança. Porém, as análises que estão sendo realizadas no laboratório de bioquímica podem indicar, embora o tempo passado ofereça dificuldades, alguma mudança no entendimento e o caso poderá vir a ser tratado como um homicídio — define o delegado Tarcísio Tenório, responsável pelas investigações.
Tenório explica que exames estão sendo realizados pelo Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF), em busca de vestígios de intoxicação por substâncias exógenas em ossos e resquícios de cabelos. Nenhuma evidência de violência foi encontrada nos restos mortais localizados dentro da mala na geladeira.
— O objetivo destas perícias complementares é localizar ou descartar a presença de substâncias diferentes daquelas que são naturalmente produzidas pelo corpo humano, o que poderia caracterizar uma intoxicação ou um envenenamento — descreve.
Em outra frente de apuração, a polícia também pediu autorização à Justiça para quebrar o sigilo bancário e telefônico da investigada e de Celso Portella. A intenção é saber se alguma comunicação poderia indicar novos elementos para o caso e, ainda, descobrir se houve alguma movimentação financeira após a morte. Portella, segundo as investigações, recebia benefício previdenciário.
O delegado acrescenta que os resultados serão analisados e, posteriormente, incorporados ao inquérito já remetido ao Judiciário sergipano. Tarcísio Tenório revela que, no andamento dos procedimentos, o Ministério Público solicitou avaliação de sanidade mental da investigada. A mulher, cuja identidade não é divulgada pelas autoridades, prossegue internada em unidade psiquiátrica forense. A criança foi entregue aos cuidados de um familiar da mãe.