O ataque ao motorista de aplicativo Bráulio Escobar, no estacionamento de um supermercado de Porto Alegre, em novembro de 2015, ficou marcado como o primeiro conflito entre taxistas e motoristas de um novo modelo de transporte que chegava na cidade, o Uber. Quase oito anos depois, ainda não há desfecho do caso na Justiça.
A 2ª Vara do Júri remarcou, na semana passada, a sessão de julgamento de quatro réus para o dia 19 de fevereiro de 2025. A previsão inicial era de que o julgamento ocorresse em novembro deste ano, mas o adiamento foi justificado por necessidade de "readequação de pauta", conforme despacho.
Neste dia, irão a júri os taxistas Cauê Cavalheiro Varella e Alexsandro dos Santos Scheffer — que foram presos em flagrante logo após o ataque, mas respondem em liberdade — e Valderi Machado Silveira e Maurício dos Santos Nunes.
A acusação é de tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe (porque acreditavam que a vítima podia diminuir as receitas deles ao dirigir para o serviço de aplicativo) e meio cruel (com socos, tapas, chutes, pontapés, sobretudo, na cabeça).
Conforme a investigação, inicialmente, Cauê e Valderi teriam chamado o carro pelo aplicativo na tentativa de parar em uma blitz. Como a barreira já havia sido finalizada, seguiram até o supermercado, onde Alexsandro e Maurício os aguardavam. Foi lá que se iniciaram as agressões.
Contraponto
O que dizem Cauê Cavalheiro Varella e Valeri Machado Silveira
Os advogados Christian Tombini, David Leal e Roger Lopes, que representam Cauê Carvalho Varella e Valderi Machado Silveira, disseram, em nota, que "receberam com surpresa a notícia da decisão proferida em 05 de outubro, que mais uma vez transferiu o julgamento, desta vez para o ano de 2025, tendo em vista que passados cerca de 10 (dez) anos do episódio". No texto, os advogados afirmam ainda que seus clientes "são absolutamente inocentes das acusações que lhe são imputadas pelo Ministério Público. Salientam, ainda, que postergar mais uma vez o julgamento é prejudicial a todas as partes, inclusive aos acusados, que, desde o ocorrido, não conseguiram mais seguir suas vidas de forma natural. Ainda, os defensores estão convictos de que a decisão pode ser revista pelo Poder Judiciário, a fim de que o caso tenha um desfecho o mais rápido possível".
O que diz Alexsandro Scheffer
Segundo o advogado Deivison Paz, Alexsandro estava ferido e não participou das agressões. Ele vai pedir absolvição do cliente. "A defesa de Alexsandro Scheffer, ciente da nova data do Júri, está preparada para provar em plenário a sua inocência. Será provado que Alexsandro estava machucado, não participou dos fatos, sequer presenciou qualquer agressão. Entendemos como excesso o Júri popular, pois o crime poderia ter sido desclassificado para lesão corporal. Acreditamos na absolvição."
O que diz Maurício Nunes
O advogado Charles Luiz Paim afirma que seu cliente lamenta a nova transferência de data, pois acredita na absolvição. Ele sustenta que houve um reconhecimento equivocado por parte da vítima. "Ele quer ser submetido a julgamento popular para ser absolvido logo."