Com 95 casos, julho foi o mês com o menor número de homicídios no RS nos últimos 13 anos. Além disso, em comparação com o mesmo mês do ano passado, houve queda de 25,2%. Até então, maio tinha o registro de mortes mais baixo, quando 107 casos foram contabilizados.
De acordo com o governo do Estado, outros crimes contra a vida também tiveram queda no mês passado comparado a julho de 2022: os feminicídios caíram em 10% e os latrocínios reduziram em 66,7%.
Os dados são divulgados todo mês pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-RS). Nesta quinta-feira (10), o anúncio foi feito em coletiva de imprensa, que reuniu chefias das forças de segurança e do governo gaúcho, na sede da Fecomércio-RS, em Porto Alegre. Estiveram presentes o governador Eduardo Leite, o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, o comandante da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli e o chefe de Polícia Civil, Fernando Antônio Sodré de Oliveira.
Na comparação mês a mês, foram 32 homicídios a menos: 95 neste ano e 127 em 2022. No acumulado do ano, entre janeiro e julho, a queda foi de cinco casos: 975 em 2022 e 970 em 2023, uma redução de 0,5%, segundo o governo do Estado.
Os casos de homicídio em Porto Alegre também apresentam queda. Nos meses de julho, a Capital 31 registros no ano passado, contra 14 em 2023, indicando diminuição de 54,8%. No acumulado, de janeiro a julho, o número caiu de 179 em 2022, para 153 neste ano, uma redução de 14,5%.
Os números foram comemorados por integrantes do governo e forças de seguranças, que consideram a "histórica" a redução. O governador do Estado pontuou que, embora o Estado esteja caminhando na direção correta, o objetivo é alcançar resultados ainda melhores.
— Nosso compromisso é continuar trabalhando para viabilizar reduções ainda mais expressivas e constantes nos indicadores para garantir um Estado mais seguro para todos — afirmou Leite.
Titular da SSP, Caron destacou que a maior parte dos homicídios registrados em Porto Alegre no primeiro semestre de 2023 ocorreram em decorrência do crime organizado. De cada 10 mortes, oito tiveram este contexto, e o cenário se repete em demais cidades gaúchas. O levantamento, feito pelo Departamento de Homicídios da Capital, foi divulgado por GZH nesta semana.
— A atuação desses grupos criminosos ocorre, no primeiro momento, nos grandes centros, onde se instalam. Havendo repressão nestes espaços, há migração dos criminosos para o Interior, assim, se espalham pelo Estado. A forma mais efetiva de reduzir homicídios é exatamente o trabalho permanente de enfraquecimento ao crime organizado e sua asfixia financeira — argumentou o secretário. — De forma integrada, a pressão operacional vem resultando na prisão efetiva de criminosos e na apreensão de armas e drogas no Estado. Esta redução de mortes violentas reforça a estratégia e o planejamento tático adotado pela secretaria para combater a criminalidade e aumentar a sensação de segurança entre os gaúchos — acrescentou, citando a operação Cerco Fechado, que prendeu cerca de 650 pessoas em 48 horas no Estado, em junho.
Investimentos refletiram em resultados
O aumento da frota e do efetivo policial, somado à entrega de equipamentos para o Instituto-Geral de Perícias (IGP), do helicóptero para o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e de armamentos para a Polícia Civil são citados pelo governo do Estado como investimentos que contribuíram para a queda dos indicadores.
Veja os incrementos realizados neste ano:
- De janeiro a agosto, mais de mil servidores, entre brigadianos, policiais civis e bombeiros, ingressaram em suas funções.
- Em abril, a SSP entregou 160 veículos para as instituições vinculadas, garantindo patrulhamento ostensivo com pelo menos uma viatura nova em cada um dos 497 municípios gaúchos.
- Em maio, o IGP recebeu equipamentos, com investimento superior a R$ 1,6 milhão, para concluir laudos com mais celeridade nas áreas de balística forense, medicina legal e identificação criminal.
- Em julho, a Polícia Civil recebeu mais de 3,1 mil pistolas, um investimento de cerca de R$ 7,6 milhões.
- No mesmo mês, o Corpo de Bombeiros Militar recebeu o primeiro helicóptero da corporação. A aeronave, fabricada nos Estados Unidos, representa um investimento de R$ 21,7 milhões e pode ser utilizada em operações sobre terra e água.
Um caso a menos de feminicídio
Nos casos de feminicídio no Estado, o número se manteve. Em julho deste ano, nove mulheres foram mortas, contra 10 no mesmo período em 2022, uma queda de 10%.
Este tipo de crime se caracteriza pelo assassinato de mulheres como resultado do menosprezo pela condição feminina. O combate aos casos é considerao um "desafio" para o governo do Estado.
Para a SSP, a redução "reflete os esforços constantes" das forças de segurança no combate a violência contra a mulher. "Entre as medidas adotadas, destacam-se a implantação do projeto Monitoramento do Agressor — atualmente 20 agressores estão sob vigilância de tornozeleira eletrônica —, as ações da Delegacia Online da Mulher e a expansão das Salas das Margaridas", ressalta a pasta.
No Estado, existem 21 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deam), além de 77 Salas das Margaridas — espaço, que fica dentro dentro das delegacias, dedicado ao atendimento exclusivo de vítimas de violência doméstica e familiar. A Brigada Militar atende 114 municípios gaúchos com as patrulhas Maria da Penha.
Redução nos latrocínios
Os casos de roubo com morte também registram queda no mês. Em julho deste ano, uma ocorrência do tipo foi registrada, em Pelotas, no sul do Estado, contra três no mesmo período em 2022, baixa de 66,7%.
O acumulado do ano registrou queda em comparação com o período de 2022: foram 27 latrocínios em 2023, contra 32 casos registrados nos sete meses de 2022, o que representa diminuição de 15,6%.
Para a SSP, o registro de apenas um caso em julho "é indicativo de um trabalho cada vez mais aprimorado das forças de segurança".
O chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré, explica que esse tipo de crime é influenciado por diferentes fatores e que as equipes buscam combater casos de crimes patrimoniais, que podem resultar na morte das vítimas.
— Há diversos fatores que podem levar a um roubo seguido de morte, como uma possível reação da vítima ou o criminoso estar sob efeito de entorpecentes. Assim, o trabalho diário no combate aos roubos, além de trazer maior sensação de segurança para a população, reflete na queda dos crimes contra a vida — ponderou.
Baixa "histórica" nos roubos de veículos
O governo do Estado também considera uma "queda histórica" a redução de 19,4% nas ocorrências de roubo de veículos em julho: foram 258 casos registrados no mês deste ano, contra 320 no período em 2022.
"Trata-se do menor número para qualquer mês da série histórica desde 2010", diz a SSP. Os outros dois menores índices também são de 2023: 306 em junho e 314 em maio.
Com isso, mais de 90% dos municípios gaúchos não registraram um caso. As ocorrências se concentraram em 44 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul.
— Com ações estratégicas adotadas pela Brigada Militar e em conjunto com as demais forças de segurança, intensificamos o combate direto ao roubo e furto de veículos, refletindo nesta redução histórica. Somos o escudo da sociedade e seguiremos atuando na capacitação e qualificação dos PMs para fortalecer ainda mais a segurança da população — ressaltou o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio Feoli.
Porto Alegre registrou, nos sete primeiros meses de 2023, 885 roubos de veículos, ante 1.013 casos que haviam sido registrados no mesmo período do ano passado — redução de 12,6%. Na comparação entre os meses de julho na Capital, a queda foi de 4,6%, passando de 109, em 2022, para 104 neste ano.
A queda no acumulado do ano é de 12,6%.
Demais crimes patrimoniais
Em julho, abigeatos e ocorrências bancárias também tiveram queda de 26,3% e 66,7%, respectivamente.
Apenas o número de roubos a transporte coletivo apresentou alta, de 58,3%, passando de 36 casos em julho de 2022 para 57 no mesmo mês deste ano, segundo o governo. No acumulado, no entanto, as ocorrências permanecem em queda: 384 casos em 2022 contra 359 em 2023, uma baixa de 6,5%.
Os abigeatos também diminuíram no acumulado, em 16,5%. Já ocorrências bancárias tiveram um caso a mais na soma de janeiro a julho de 2023, em comparação com 2022.