O corpo da professora Vitória Romana Graça, 26 anos, foi encontrado carbonizado na última sexta-feira (11) na favela Cavalo de Aço, em Senador Camará, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo depoimento de um dos suspeitos, a vítima foi enforcada com corda, teve álcool jogado nos olhos e gasolina no corpo enquanto ainda respirava. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro apontou que a professora provavelmente foi queimada viva e morreu intoxicada pela fuligem.
Segundo amigos e familiares de Vitória, a professora teve um relacionamento com uma adolescente de 14 anos, suspeita de envolvimento no crime, ajudava a ex-sogra e a então namorada com compras da casa. A investigação apontou para o envolvimento da mãe da jovem e da adolescente no crime. A prisão e a apreensão aconteceram no último sábado (12). O terceiro suspeito, tio da jovem, foi preso na quarta-feira (16). Veja o que se sabe sobre o caso até o momento.
Quem era a professora
Vitória Romana Graça, 26 anos, era professora contratada do município há quatro meses e dava aula na Escola Municipal Oscar Thompson, em Santíssimo, no Rio de Janeiro.
Relacionamento da vítima com adolescente
Segundo investigação policial, a jovem de 14 anos, apreendida por suspeita de envolvimento no crime, teria tido um relacionamento com a vítima. Segundo a adolescente, ela e Vitória ficaram juntas por quatro meses. Em depoimento à polícia após o crime, a jovem disse que o relacionamento chegou ao fim por conta de sua idade. No entanto, segundo uma testemunha, a relação afetiva chegou ao fim por discordâncias financeiras. Segundo o relato, Vitória ajudava a namorada, inclusive com compra de cestas básicas. Vitória teria dito ao amigo que decidiu se afastar da menina por achar que a mãe dela estava se aproveitando do namoro para se beneficiar financeiramente.
Ajuda financeira
Conforme relato de uma testemunha, a professora teria dito que estava cansada de arcar com despesas da mãe e da jovem.
Crime premeditado
No último dia 10 de agosto, a mãe da jovem foi até a escola onde Vitória trabalhava. Ela questionou sobre o motivo de ter sido bloqueada nos perfis da professora, além de ter ido pedir detalhes sobre o término do relacionamento da professora com a filha. As duas teriam conversado por cerca de 15 minutos e teriam decidido, depois de insistência da mãe da adolescente, de se encontrar na residência da mulher, em Senador Camará, na zona oeste. O tio da jovem ficou, junto com a irmã, aguardando a chegada da professora na casa. Logo que Vitória entrou, foi imobilizada, amarrada e teve início o processo de extorsão, empregando a impressão digital dela para efetuar transferências para a conta do suspeito. Conforme o relato do suspeito, o crime foi planejado antecipadamente, e a mulher suspeita do crime teria exibido uma mala como forma de "despachar a professora". As circunstâncias do assassinato teriam origem em questões financeiras.
Como a professora foi morta
Em depoimento à polícia, o tio da jovem, suspeito de participar do crime revelou detalhes de como a professora foi morta. Segundo ele, a vítima foi submetida a estrangulamento com o uso de uma corda. Posteriormente, a vítima foi acondicionada em uma mala e, em seguida, colocada no porta-malas do seu próprio veículo.
Depois disso, conduziram o carro até uma região isolada e removeram a mala contendo a vítima. De acordo com o relato do suspeito, ele mesmo jogou dois litros de gasolina antes de incendiá-la. O suspeito também relatou que ele, juntamente com sua irmã e a sobrinha de 14 anos permaneceram no local somente até as chamas alcançarem uma altura considerável antes de se afastarem.
O que diz o laudo do IML
De acordo com o relatório do Instituto Médico Legal (IML) a professora estava viva quando seu corpo foi incendiado. O exame evidenciou a presença de fuligem em suas vias respiratórias.
Implorou pela vida
O terceiro suspeito ainda declarou que a professora chorou e implorou para não que não lhe fizessem mal enquanto estava amarrada em uma cadeira. Logo em seguida teriam iniciado as extorsões.
Corpo encontrado
No último dia 11, autoridades policiais foram notificadas sobre um incidente na Praça Damasco, localizada em Senador Camará, na zona oeste do Rio. Equipes foram até o local e localizaram um corpo carbonizado dentro de um carro.
Prisão das suspeitas
A prisão e a apreensão aconteceram no sábado (12). Mãe e filha foram capturadas por policiais no bairro de Santa Cruz, também na zona oeste, enquanto tentavam fugir. Para evitar a identificação da filha, de acordo com o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o nome da mulher presa também é preservado.
Após os depoimentos, elas passaram a ser as principais suspeitas nos casos de sequestro e homicídio, conforme a polícia. A mulher foi detida, enquanto sua filha de 14 anos foi apreendida. Após dois dias, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. Durante os interrogatórios policiais, a adolescente, que está apreendida, afirmou não ter ligação com o assassinato.