A Polícia Civil concluiu o inquérito que apurou suspeita de fraude em um contrato para serviços de vistorias e limpezas de fossas sépticas, firmado entre a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e uma empresa terceirizada. Um funcionário da empresa, sem qualificação para o serviço, foi preso em flagrante enquanto simulava fazer o trabalho e inseria dados no sistema de saneamento básico usando informações de identificação de um tecnólogo em saneamento, pessoa que efetivamente deveria fazer as vistorias.
A prisão ocorreu em Três Coroas, em 13 de junho, a partir de fiscalização que teve apoio da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado. Ao prestar depoimento, o funcionário contou ter feito vistorias da mesma forma em Santa Maria do Herval, Rolante, Estância Velha e Portão.
Ele estava na empresa investigada havia 11 meses, tendo sido contratado como ajudante de motorista de caminhões para limpeza de fossas sépticas, operando com mangueiras e hidrojatos. Uma das empresas investigadas nesta situação já era alvo da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção na Operação Sol Poente, que verificou fraude em licitações com prefeituras do Litoral Norte.
O funcionário flagrado fazendo os serviços para os quais não tem qualificação contou ter sido ensinado a usar um aplicativo que registra vistorias e limpezas de fossas sépticas da Corsan. A pessoa que o orientou também repassou o próprio CPF e a senha para uso no programa. O depoente disse que, depois disso, a pessoa que o orientou nunca mais apareceu nas vistorias.
Com a prisão em flagrante e a identificação do CPF que o funcionário usava, a polícia chamou os sócios das empresas — a que efetivamente tinha o contrato com a Corsan e uma que teria sido subcontratada, sendo ambas do mesmo grupo familiar — e outros funcionários ligados a elas, entre eles, o tecnólogo que deveria fazer as vistoriais. Todos ficaram em silêncio durante os depoimentos.
Os envolvidos, que não tiveram os nomes divulgados em função de outras investigações que estão em andamento, foram indiciados por crimes previstos na nova Lei de Licitações e também por associação criminosa.
— As vistorias, avaliações e limpezas de fossas sépticas realizadas em diversas regiões gaúchas, por pessoas que não possuem capacidade técnica para tanto, acabam por alimentar, de modo impreciso, os sistemas de indicadores de saneamento básico do Estado do Rio Grande do Sul — destacou o delegado Max Otto Ritter.