Vídeos obtidos pela Polícia Civil mostram como ficou uma casa após ser invadida por criminosos na zona norte de Porto Alegre. O cenário nas imagens é de destruição: cadeiras, mesa e televisão quebradas. A geladeira e os armários tiveram as portas arrancadas. Sofá e colchões foram rasgados. Em outra gravação, a porta da frente aparece arrombada.
— Assim encontrei minha casa. Tudo destruído — diz o morador.
A ação, segundo a polícia, é a forma usada para intimidar e aterrorizar moradores. Por trás desse tipo de empreitada criminosa estaria um grupo alvo da Operação Insanus Agmen nesta terça-feira (25). A investigação da 5ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre aponta que os envolvidos teriam criado uma espécie de tribunal do crime, resultando em atos de extrema violência.
— Chegaram a nós denúncias de que cidadãos da região do bairro Rubem Berta estavam sendo expulsos de casa e tendo seus pertences roubados. A gente fez oitivas e identificou os possíveis suspeitos — explicou delegado Daniel Queiroz, da 5ª DHPP.
Nesses casos, segundo a polícia, as pessoas eram ameaçadas para armazenar ilícitos, como drogas e armas, e quando se negavam eram aterrorizadas, até deixarem suas casas. Uma família precisou ser retirada do local, com auxílio da polícia, e foi levada a um local seguro.
— Eles subtraíam o que tinha na casa das pessoas, como roupas e eletrodomésticos. Além de quebrar a residência toda — afirmou Queiroz.
Enquanto a polícia investigava essas invasões e expulsões, ocorreram dois novos fatos envolvendo espancamentos. Num deles, no dia 18 de maio, um homem foi cercado por um grupo e agredido. Esse crime chegou a ser gravado por imagens de uma câmera. Em razão da gravidade das lesões, o homem segue hospitalizado, em coma. No outro, em 4 de junho, outro homem foi morto a pancadas após também ser perseguido na rua.
Durante a operação desta terça-feira, foram cumpridas cinco prisões preventivas, além de duas em flagrante. Um dos presos foi encontrado com duas armas e drogas, e outro foi detido por adulteração de veículo. Dos presos de forma preventiva, dois já estavam encarcerados, mas tiveram novos mandados cumpridos. Outros sete adolescentes foram identificados, mas os casos foram remetidos à Divisão Estadual da Criança e do Adolescente.
O objetivo agora, segundo a polícia, é identificar quem foram os mandantes dos crimes.
— Quando a violência aumenta num local, acaba sobrando para a comunidade. Essa ação é para desarticular esse grupo e causar prejuízo ao crime organizado da região. Vamos atrás das lideranças desses homicídios e desses espancamentos que ocorreram no bairro Rubem Berta. Os executores não fazem sem autorização da liderança do crime organizado. Alguma liderança autorizou e será nosso próximo objetivo — disse delegado Mario Souza, diretor do DHPP durante coletiva à imprensa realizada durante a manhã.
Integração
O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, destacou que esse tipo de operação faz parte da estratégia de combate aos homicídios e às facções criminosas.
— Nós tivemos vários homicídios, na Zona Norte, alguns deles envoltos de muita violência, e também o amedrontamento de famílias. É bem verdade que nossa estratégia, nessa integração com a BM, tem dado bons resultados. Estamos com índices (de homicídios) com viés de baixa. Mas essa operação tem objetivo de enfrentar esses crimes violentos que aterrorizam as comunidades — afirmou.
O comandante do 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Rafael Tiaraju, destacou a importância de agir para controlar as ações desses grupos, como forma de frear a violência naquela região.
— Essa facção que cometeu esses crimes é um grupo que estava num momento de ascensão ali naquele local. E foi muito oportuna essa operação para mostrar para esse grupo que a mão do Estado chegou firme. A Brigada Militar aloca diariamente efetivo de todos os batalhões da Capital na Zona Norte, desde janeiro. Todos batalhões nos mandam efetivos que vêm de todos batalhões para ter uma pronta-resposta — disse o oficial.