Depois de prender no início da semana no Pará o, até então, foragido mais procurado do Rio Grande do Sul, a Polícia Civil segue investigando o caso com o apoio da polícia paraguaia. Isso porque Sandro Alixandro de Paula, o Zoreia, que, na verdade, já usou dezenas de identidades falsificadas e até ingressou em presídios com pelo menos três nomes falsos, estaria no Paraguai nos últimos meses para possíveis conexões com traficantes.
Ele, que tem condenações que somam 243 anos de prisão, alugou um apartamento de luxo na beira de um rio no principal ponto turístico da cidade de Encarnación e teria pago em dinheiro três meses seguidos. Além disso, foi descoberto que ele usaria dois automóveis, também de luxo, e que sempre andava com outro brasileiro.
Os agentes ainda não sabem quem seria este homem. O titular da Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Gabriel Casanova, diz que está sendo apurado se o suspeito também é traficante ou se estava dando apoio logístico ao investigado. No entanto, ele diz que foi confirmado que todas as negociações, aluguel de imóvel e aquisição de veículos, foram feitas com mais uma identidade falsa. Desta vez, Zoreia se apresentou como Rodrigo Moreira Carvalho.
No Pará, ele foi preso no Distrito de Mosqueiro com a identidade de Leandro José da Silva. Casanova lembra que, de 1997 a 2004, por exemplo, o criminoso ingressou em presídios com pelo menos três nomes diferentes: Alex Marcelo, Sandro Alexandro e Vilmar Silvano, todos com sobrenome De Paula. Depois disso, a Justiça juntou as condenações dos três nomes e atribuiu todas elas a uma só pessoa, o Zoreia, já que foi confirmado que em todos os casos se tratava dele. Segundo apuração, ele estaria pensando em fazer uma cirurgia plástica, para dificultar ainda mais sua identificação.
A investigação aponta que o investigado, depois de ter rompido a tornozeleira eletrônica em fevereiro deste ano, já que ganhou direito de cumprir pena em prisão domiciliar humanitária para tratar de questões de saúde, esteve em vários países da América do Sul para supostamente buscar conexões com traficantes. Com antecedentes como mandante de homicídios, roubo a joalherias e venda de drogas, a suspeita é de que ele estava no Pará para duas prováveis situações.
Segundo Casanova, o objetivo era usar uma tradicional rota de barco até a cidade de Belém e, a partir de lá, encaminhar drogas por via terrestre ou aérea para o noroeste do Rio Grande do Sul. Enquanto esteve no Paraguai, Zoreia foi várias vezes para Colômbia e Bolívia para supostos encontros com traficantes que utilizam esta rota para envio de entorpecentes. Outra possível razão teria ligação com o uso de nomes falsos. O delegado diz que policiais locais informaram que a região do Pará onde ele foi preso seria usada por facções de várias partes do país para a confecção de documentos oficiais com dados falsos.