Foi aberta na manhã deste sábado (1º) a última fase do julgamento dos quatro réus acusados da morte do médico Marco Antônio Becker, em 2008. O quinto dia de júri começou pela apresentação das considerações da acusação, do Ministério Público Federal (MPF), e se estendeu até o início da tarde.
Os procuradores tiveram duas horas e meia para apresentar aos sete jurados os argumentos e as provas que possuem para que ocorra a condenação dos réus. Os representantes do MPF se revezaram no plenário para apresentação de vídeos, áudios e trechos da investigação policial que culminou no indiciamento dos quatro homens.
Em determinado momento, o procurador André Casagrande Raupp utilizou um quadro para mostrar aos jurados como seria a relação entre os réus para que fosse realizado o assassinato de Becker. No entendimento do MPF, Bayard Olle Fischer dos Santos, 73 anos, teria sido o mandante do crime e teria procurado o traficante Juraci Oliveira da Silva, o Jura, para executar o crime. Jura era paciente de Bayard.
Já o ex-assistente de Bayard, Moisés Gugel, 46 anos, teria intermediado as negociações para o assassinato. De acordo com a argumentação do procurador Bruno Costa Magalhães, Gugel teria trocado mais de cinco mensagens por dia com o Juraci até o dia do crime e, depois do homicídio, o fluxo de mensagens teria sido reduzido a menos de uma por dia.
Ainda segundo o que reforçaram os procuradores, Michael Noroaldo Garcia Câmara, o Tôxa, 40, cunhado de Jura na época do crime, teria sido contratado para executar o crime.
Último a apresentar sua argumentação, o procurador Alexandre Schneider focou em explicar para os jurados o que significará o voto de cada um deles nos quesitos que serão respondidos e reforçou a importância da vítima na sociedade gaúcha.
— Além do homicídio em si, a morte do doutor Becker foi um crime de saúde pública, pois o doutor Becker tinha como objetivo extinguir com os maus médicos que atuavam no Rio Grande do Sul.
Ainda durante o período de fala do procurador, o juiz da 11ª Vara Federal de Porto Alegre, Roberto Schaan Ferreira, que comanda o júri, solicitou a retirada de Jura do plenário. Conforme o magistrado, o réu foi avisado em cinco ocasiões para não se manifestar durante a fala dos procuradores e não obedeceu a ordem.
Na tarde deste sábado, o julgamento seguirá com as argumentações das defesas. Os quatro representantes irão dividir o tempo de duas horas e meia, ou seja, cada defensor terá em torno de 37 minutos para fazer suas considerações finais no plenário.
Passada esta etapa, os debates seguirão com as réplicas, onde cada parte terá duas horas para expor seus pontos de vidas, e ainda há a possibilidade de haver tréplicas, o que poderá estender por mais tempo o julgamento.