Marizan de Freitas, 35 anos, foragido da Justiça, foi preso pela Polícia Civil, nesse domingo (30), em São Paulo. Conhecido como Maria, o criminoso, que soma 38 anos de condenações, havia fugido da prisão domiciliar na última semana. Apontado pela polícia como um dos líderes de uma facção que atua no Vale do Sinos, Marizan foi capturado em uma operação conjunta das polícias gaúcha e paulista.
O trabalho de investigação policial apurou que Marizan estava se preparando para se mudar para o Exterior. Antes de fugir, ele ocupava uma residência de luxo, em um condomínio em Capão da Canoa, no Litoral Norte, onde cumpria a prisão domiciliar humanitária pedida por seu advogado em maio. O benefício foi concedido pela Justiça em razão de uma cirurgia que ele precisava fazer em uma perna onde possui um antigo ferimento por disparo de arma de fogo.
Na última quinta-feira (27), o Ministério Público (MP) pediu a revogação da prisão domiciliar e solicitou o retorno do preso à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). A decisão foi encaminhada após inspeção de policiais militares que não localizaram Freitas no condomínio em que ele informou à Justiça que ficaria após a cirurgia.
Desde então, uma operação conjunta de busca foi organizada pela Polícia Civil (Delegacia de Capturas) e Brigada Militar. Nesse domingo, o foragido foi localizado fora do RS e capturado em uma ação realizada por duas equipes da 3ª Divisão de Investigações do Narcotráfico (Din) do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), coordenadas pelo delegado Gabriel Borges.
O delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do RS, afirma que foram empregadas todas as técnicas e recursos disponíveis para realizar a prisão do foragido.
—A investigação foi feita com nossos dados das equipes de Inteligência. Foi um trabalho realizado pelos policiais da 3ª DIN, que estavam lá em São Paulo, e também pela delegacia de capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) que trabalharam em sincronia nessa ação — explica Sodré.
O secretário de Segurança do Estado, Sandro Caron, durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (31), disse que lugar de bandido, de criminoso, é na Pasc ou qualquer outro presídio de segurança máxima.
— Lugar de bandido é na Pasc ou outro presídio de segurança, não em condomínio de luxo em São Paulo. Ele preso, com certeza reduz número de homicídios e de roubos — destacou Caron.
O secretário lembrou que o presidiário recebeu proteção de uma facção paulista, tanto para ficar em São Paulo, quanto para planejar a fuga do Brasil, ele estaria planejando ir para o Peru. Caron disse que foi um trabalho técnico, de inteligência e rápido. Segundo ele, um líder de organização criminosa nas ruas sempre tem mais tempo para comandar assassinatos e roubos, ou seja, considerou um prejuízo e um retrabalho para a polícia, com grandes gastos públicos. No entanto, ele não quis entrar no mérito da decisão judicial.
O delegado Borges também destacou que Marizan não estava usando tornozeleira e passou toda a quinta-feira de semana passada em um hospital de Porto Alegre para cirurgia. Mas, quando soube da prisão domiciliar, logo fugiu. Segundo o policial, foi neste instante que iniciou o trabalho da instituição.
Segundo ele, após Marizan passar por vários Estados, trocar de carro e de local a toda hora, foram quatro dias de monitoramento, a maioria na capital paulista.
No momento da prisão, ele estava em um restaurante em São Paulo. Desde então, todo o cuidado foi tomado para evitar qualquer tipo de resgate, já que Marizan é considerado de alta periculosidade. Segundo o delegado Borges, os próximos passos da investigação são contabilizar os bens apreendidos e apurar o crime de lavagem de dinheiro.
Extensa ficha criminal
Dos 38 anos de condenação, Marizan já cumpriu pelo menos 11. Há condenações por tráfico de drogas, tentativa de homicídio, além de outros processos, inclusive por homicídio e lavagem de dinheiro. Ele é considerado pelo Ministério Público (MP) como "indivíduo de alta periculosidade".
Em 2015, O MP interceptou escutas telefônicas, com autorização da Justiça, que comprovaram a atuação de chefes do tráfico dentro das cadeias do RS. Em uma das gravações, Marizan de Freitas, que estava preso na Pasc à época, acompanhou, ao vivo, pelo telefone celular, a execução a tiros de um rival na disputa por pontos de venda de drogas. Após a execução, ele ainda teria reclamado que a pistola “engasgou”. No mesmo ano, a Justiça determinou que ele fosse encaminhado a uma penitenciária federal de segurança máxima.
Em 2020, Freitas foi um dos 18 líderes de facções que foram transferidos para penitenciárias federais fora do Estado durante a megaoperação Império da Lei. Um ano depois, ele retornou à Pasc, considerada a penitenciária mais segura do Estado.
Zoreia capturado
Na última semana, a Polícia Civil capturou outro fugitivo da Justiça que havia recebido o benefício da prisão domiciliar humanitária. Sandro Alixandro de Paula, o Zoreia, 40 anos, foi preso em uma operação conjunta da Polícia Civil gaúcha e paraense. O criminoso, que tem 243 anos em condenações, foi capturado no Distrito de Mosqueiro, uma das ilhas de Belém do Pará.
Quando foi preso, o criminoso estava em uma praia para onde planejava se mudar com a família, após viajar por países da América Latina. O preso foi transferido de volta para o Estado em voo comercial e chegou na noite da última quarta feira (26). Ele foi reconduzido para a Pasc, onde deve seguir cumprindo pena.