Correção: Diego Gabriel da Silva tem 29 anos e não 30 como publicado entre 21h32min de 22 de junho e 11h43min de 1º de agosto. O texto abaixo está corrigido.
A Polícia Civil obteve autorização da Justiça para prorrogar o prazo de conclusão do inquérito que apura a autoria e as circunstâncias da morte de Samuel Eberth de Melo, 41 anos. O empresário mineiro foi assassinado e teve seu corpo abandonado em um bananal, ocultado sob caliça e telhas, numa propriedade rural em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte. O cadáver foi encontrado em 11 de junho, após nove dias de buscas.
Dois suspeitos estão presos pelo crime. Diego Gabriel da Silva, 29, é acusado de matar o empresário mineiro. Samuel teria sido morto por cobrar de Silva o pagamento por mais de 60 automóveis entregues a ele, cujo valor global é estimado em torno de R$ 5 milhões. Silva foi preso temporariamente em 4 de junho, e a prisão foi convertida em preventiva no dia 11, data em que o corpo de Samuel foi localizado.
O segundo investigado detido é um homem de 23 anos que possui laços de proximidade com Silva e teve a prisão preventiva decretada diretamente pela Justiça em 10 de junho. Ele não teve o nome divulgado pela polícia para que a investigação não seja prejudicada. Ambos estão detidos na unidade prisional do Estado no município de Osório.
A prorrogação do inquérito policial foi solicitada pela delegada Marcela Ehler, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Novo Hamburgo, com o objetivo de investigar detalhes dos fatos, entre os quais a possível participação deste segundo homem preso na ação criminosa que culminou na morte de Samuel. Conforme a delegada, também estão pendentes de conclusão "inúmeras diligências e perícias". Marcela destaca que ainda não foi estipulada a nova data para conclusão do trabalho.
Para o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Mário Souza, a prorrogação demonstrou-se necessária por conta de respostas importantes que a polícia pretende apresentar ao Ministério Público e ao Poder Judiciário nas conclusões de sua apuração.
— Trata-se de um caso de grande complexidade e que requer a verificação pericial de informações financeiras, a identificação dos veículos que seriam negociados, a apuração dos valores envolvidos, além de uma detalhada reconstituição dos passos da vítima em sua passagem pelo Estado antes de ser assassinado — revela Souza.
Segundo o diretor do DHPP, a intenção é entregar um inquérito claro, detalhado e preciso para servir de suporte ao processo que decorrerá do inquérito.
Contraponto
A advogada Thais Rodrigues, representante dos dois suspeitos presos pelo crime, diz que aguarda pela remessa do inquérito para definir sua linha de defesa. Ela antecipa que ambos negam ter participação na morte do empresário mineiro.
Thais informa também que pleiteia, junto ao Poder Judiciário, o direito à liberdade de seus clientes. Os pedidos foram feitos à Justiça de Santo Antônio da Patrulha.
Ela relata que o suspeito Diego Gabriel da Silva lhe confirmou que negociava automóveis com Samuel de Melo havia mais de um ano e afirmou que não haveria nenhum desentendimento ocasionado pelo descumprimento de pagamentos.
— Vamos confirmar o fluxo de pagamentos com a apresentação de recibos e extratos bancários no momento adequado — destaca a advogada.
Sobre o segundo investigado, Thais sustenta que ele sequer teria alguma relação com os negócios de venda automotiva.
A cronologia do caso conforme a investigação
- 1º de junho
Samuel Eberth de Melo chega ao Rio Grande do Sul para tratar de negócios com um parceiro comercial que estaria lhe devendo dinheiro.
- 2 de junho
O empresário mineiro faz sua última comunicação com familiares que moram em Belo Horizonte.
- 3 de junho
Começam as buscas por Samuel, dado como desaparecido. Familiares do empresário chegam ao Estado para acompanhar o trabalho da polícia.
- 4 de junho
Diego Gabriel da Silva, parceiro comercial de Samuel, é apontado como suspeito e preso temporariamente para investigações.
- 5 a 10 de junho
Polícia mantém buscas em Novo Hamburgo, buscando pistas também em municípios do Vale do Sinos e da Serra. A investigação direciona as buscas para Santo Antônio da Patrulha.
- 10 de junho
Segundo investigado é identificado e apontado no inquérito. A polícia pede e a Justiça autoriza sua prisão preventiva.
- 11 de julho
Corpo de Samuel é encontrado após nove dias de buscas, enrolado em uma lona e coberto por caliça e telhas, próximo a um bananal localizado em uma propriedade rural de Santo Antônio da Patrulha. A prisão de Diego Gabriel da Silva é convertida em preventiva.
- 12 de junho
Polícia Civil realiza coletiva para divulgar fatos relacionados ao crime. Entre as informações, é divulgado o vídeo no qual Diego Gabriel é flagrado comprando duas pás, uma enxada, um par de luvas e três metros de lona, cujas característica, segundo os investigadores, se assemelha àquela na qual o corpo de Samuel estava enrolado.
Neste dia, a Polícia Civil indica que a dívida, que teria motivado o desentendimento e levado ao assassinato, seria decorrente da negociação de mais de 60 automóveis e o valor em questão estaria estimado em cerca de R$ 5 milhões.
- 13 a 22 de junho
Polícia atua em diligências, interrogatórios e coleta de testemunhos, acompanhamento de exames periciais para esclarecer os fatos relacionados ao crime. Inquérito tem seu prazo prorrogado.