O empresário mineiro Samuel Eberth de Melo, 41 anos, encontrado morto em Santo Antônio da Patrulha neste domingo (11), depois de nove dias desaparecido, deixará saudades como amigo e empresário de sucesso em Belo Horizonte. Nas redes sociais da revenda de carros que ele tinha na capital mineira, foi anunciado que a loja não abrirá até a quarta (14). Não era raro que ele interagisse com os clientes pessoalmente e também nas fotos que a loja publicava a cada venda feita.
— Era um grande empresário, tinha uma veia de negócio muito forte e se dava bem nos empreendimentos. Além de ser um amigo fora do comum, parceiro para todas as horas e disponível para quem precisasse — declara Júlio Júnior, 40, amigo de Melo.
Júnior, que também é empresário, destaca a facilidade que Melo tinha de concretizar vendas com diferentes tipos de automóveis. A Vip Multimarcas BH, loja que opera desde 2010, se diz “especializados na venda de veículos novos e usados, nacionais e importados” no site próprio. A avenida onde a loja funciona, que fica no município de Contagem, na região metropolitana da capital mineira, tem outras do mesmo ramo, além de autopeças e mecânicas.
— Comprei o meu próprio carro na loja dele. Ele brincava que tinha facilitado tanto a venda, que nem meu pai teria me ajudado tanto no negócio. Estava já conversando com ele para comprar um carro novo para minha sócia — conta Júlio.
Segundo o amigo, o último contato entre eles aconteceu por mensagem em texto, no dia que Melo veio para o Rio Grande do Sul. Júlio afirma que sabia que o vendedor mantinha negócios e parcerias em terras gaúchas, mas não imaginava o motivo para esta viagem, que se revelaria a última do amigo.
— Conversei com ele no dia 31, quando embarcou para o sul. Ele não tinha comentado o motivo da viagem. Se soubéssemos, não teríamos deixado ele ir sozinho. Era uma grande pessoa que acabou se envolvendo com gente que não é tão boa assim. Nós amigos e os familiares clamamos por justiça — lamenta Júlio.
Conforme um outro amigo de Melo e de Júlio, Gustavo Dido, 39, as vendas em parceria com outro revendedor gaúcho aconteciam há cerca de seis meses.
— Ele começou enviando poucos carros para a venda no Sul, parecia que estava indo tudo bem. Aí passou a mandar mais veículos. Em algum momento, começou a ter muitas divergências com esse parceiro, das informações repassadas por ele, e desconfiou de um possível golpe. Então decidiu pegar um avião e ir pessoalmente verificar a situação — detalhou Gustavo, a GZH, na última terça-feira (6). Melo chegou em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, no dia 2.
O principal suspeito pelo assassinato dele é Diego Gabriel da Silva, apontado também como o parceiro comercial que revendia os carros enviados por Melo ao RS. Silva está preso desde o dia 4 de junho, quando o corpo do empresário mineiro ainda não havia sido encontrado. Outro homem, apontado como comparsa, também foi detido.
Melo deixa três filhos e a namorada. Ele será velado a partir das 11h da terça-feira (13) no cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte.
Contraponto
A advogada Thais Rodrigues, que representa os dois presos, nega que eles tenham participação no desaparecimento. Em relação a Diego Gabriel da Silva afirma que ele "se declarou inocente de todas as imputações" e que "afirma que não possuía nenhuma desacordo comercial com a vítima". Em relação ao outro preso, argumenta que "este rapaz nunca realizou nenhum tipo de negócio com a vítima e também se declarou inocente".