Análises de imagens de videomonitoramento, testemunhos e diligências de campo em bairros da zona sul de Porto Alegre deverão conduzir a Polícia Civil até o terceiro atirador envolvido no duplo homicídio ocorrido na madrugada de sábado (10), na orla do Guaíba. Dois homens estão presos, suspeitos da autoria dos tiros que mataram William Silva de Paula, 21 anos, e Vinícius Luís Silva da Silva, 20. Eles tiveram as prisões em flagrante convertidas em preventivas nesta semana.
Gabriel Oliveira de Souza, 20 anos, e Kauan Silva de Quadros, 18, foram presos pouco mais de nove horas após terem supostamente sacado pistolas e disparado contra as vítimas, em meio a uma grande quantidade de pessoas que participava de atividades de lazer no entorno da pista de skate da Orla. As prisões também decorreram da investigação realizada a partir das imagens registradas por câmeras existentes no local.
— Estamos realizando estas diligências e análises sobre este terceiro investigado. Trata-se de um caso extremamente grave em razão da ação ter ocorrido em um ambiente com tantas pessoas reunidas. Em princípio, os dois mortos seriam os alvos dos atiradores por decorrência de um desentendimento ocorrido entre eles — explica o delegado Thiago Carrijo, titular da 6ª Delegacia de Homicídios da Capital.
Carrijo afirma que, além das apurações em andamento, a polícia aguarda laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) sobre duas pistolas recolhidas com os suspeitos e sob projéteis colhidos na cena e na necropsia das vítimas.
Outras seis pessoas foram baleadas. Conforme a polícia, os feridos não estão sob risco de morrer. O delegado aponta que o desentendimento teria desencadeado o ataque de forma intempestiva e imediata após a discussão. Carrijo explica que, em princípio, os feridos não teriam participado da discussão, sendo alvejados casualmente.
A ação criminosa ocasionou pânico entre quem se divertia no local. Nas imagens utilizadas na investigação da Polícia Civil, é possível ver a dispersão das pessoas e a busca por abrigo.
Contraponto
Os suspeitos Gabriel Oliveira de Souza e Kauan Silva de Quadros foram representados pela Defensoria Pública do Estado na audiência de custódia. Por enquanto, nenhum dos dois nomeou advogado particular. Caso isso não ocorra, a Defensoria prosseguirá atuando na defesa de ambos. A instituição informou que somente irá se manifestar nos autos do processo.
Autoridades prometem intensificar ações na região
Brigada Militar e Guarda Municipal determinaram a ampliação do policiamento e do monitoramento na extensão da orla do Guaíba. Conforme as autoridades, haverá presença de forças de segurança durante 24 horas no local, além de aumento das operações de abordagem e identificação de pessoas.
A Orla, que já era um ambiente de convivência, tornou-se ainda mais atraente após as obras de infraestrutura realizadas nos últimos anos. O espaço tem sido ocupado por praticantes de esportes e por moradores da Capital, é visitado por turistas e tornou-se ponto de encontro.
— Entendemos que se trata de um fato isolado, pois registramos a passagem de cerca de 15 mil pessoas pelo local todos os finais de semana. É praticamente o contingente de um jogo de Gauchão. Nosso trabalho estará concentrado e intensificado no sentido de trazermos novamente uma sensação de segurança aos frequentadores da Orla — define o comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar, major Marcio Luiz da Costa Limeira.
O comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre, Marcelo Nascimento, também informa que haverá mais patrulhas e maior efetivo designado para monitorar o ambiente público de esporte, lazer e turismo.
A notícia soa alentadora para os frequentadores. Na quarta-feira (14), a reportagem esteve no local do incidente e ouviu frequentadores.
— Se tiver ao menos uma viatura por aqui durante a madrugada é muito provável que coisas assim não voltem a acontecer — diz o comerciário Vinícius Araújo da Silva, 39 anos, praticante de skate.
— Não dá para permitir que algo assim ocorra em um local onde tem famílias, crianças, população vem para se divertir, chegam pessoas de fora para ver esta parte legal da cidade — lamenta a educadora física Isadora Azen, 44 anos.