Por Felipe Camozzato, deputado estadual (Novo)
O Rio Grande do Sul convive historicamente com um alto custo logístico, que compromete a competitividade e limita o crescimento da economia gaúcha. Segundo estimativas da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, perdemos quase 21,5% do PIB gaúcho devido à falta de diversificação dos modais de transporte. A situação se agravou com as enchentes de 2024.
Estamos sem ligação ferroviária com o restante do país
Os danos mais visíveis ocorreram nas rodovias e no aeroporto da Capital. Mas foi no modal ferroviário que o impacto se revelou mais profundo. O Estado já havia perdido 1,5 mil quilômetros de ferrovias nas últimas décadas, e agora mais 700 quilômetros foram comprometidos. Estamos sem ligação ferroviária com o restante do país. Empresas que usavam os trilhos para transportar mercadorias tiveram de migrar para outros modais, elevando custos logísticos.
Esse cenário mostra a urgência de um debate mais amplo. O primeiro passo é exigir uma resposta imediata do governo federal e da Rumo Logística, concessionária da malha federal, para os danos causados pelas enchentes. Mas é preciso ir além.
Sou o autor da PEC das Ferrovias, aprovada em dezembro de 2023, e ela permitiu a exploração ferroviária por autorização, além de concessão e permissão. Essa mudança representa um passo importante, mas é apenas o começo. Para que o novo modelo produza efeitos concretos, precisamos regulamentar a PEC, definir com clareza os procedimentos, as condições e os incentivos para atrair investimentos. É imprescindível construir um plano estratégico ferroviário para o RS, mapeando gargalos, trechos prioritários e conexões com polos regionais e nacionais.
A discussão sobre a integração com o restante do Brasil e com o Mercosul deve avançar, mas precisamos de um plano ferroviário articulado a uma estratégia logística estadual, conectando regiões agrícolas, industriais e turísticas. Temos uma base legal moderna. Agora, é hora de transformá-la em ação concreta, com impacto real na logística, na competitividade e no desenvolvimento do nosso Estado.