Por Daniel Randon, presidente da Randoncorp e presidente do Conselho Superior do Transforma RS
Aliada, mas perigosa quando excessiva, a tecnologia nos leva a um mundo já saturado de distrações com desvio de focos relevantes como as relações sociais e de trabalho, resultando em impactos negativos na produtividade e até mesmo na saúde mental.
No livro Foco Roubado — Os ladrões de atenção da vida moderna, Johann Hari aborda as consequências do uso viciante de smartphones e redes sociais e da constante conexão à internet, que nos desviam dos objetivos, tornando mais rasa a atenção a tarefas rotineiras. É tamanha a preocupação que o autor sugere medidas de resgate, como a criação de ambientes mais favoráveis no trabalho e até a meditação como forma de recuperação da atenção plena.
A pressão para a resposta “urgente” a mensagens e curtidas explica a incidência crescente do estresse e da ansiedade
É inegável a realidade da conexão permanente que leva à distração digital e seus impactos danosos. A perda de produtividade como fruto das constantes notificações nas redes sociais é um deles, e um desafio ainda maior com a ascensão da tecnologia que nos rastreia e nos manipula. A pressão para a resposta “urgente” a mensagens e curtidas explica a incidência crescente do estresse e da ansiedade. Dificuldade na gestão do tempo e dano à criatividade são outros efeitos. Eu colocaria no topo o prejuízo às relações humanas.
A discussão precisa ser levada a sério. E maio pode ser inspirador. O mês que começou com o Dia do Trabalho contempla duas outras datas importantes: o Dia das Mães e o Dia Internacional da Família, dia 15, importante para valorizar o contexto familiar e a nossa responsabilidade do exemplo e da atenção na formação dos nossos jovens de maneira saudável. O excesso de telas não está restrito aos solitários adolescentes, mas a adultos, inclusive pais e mães que igualmente contribuem para mudar para pior a interação com seus familiares e amigos. Ao que estamos assistindo é a falta de convívio social. Encontros e bate-papo cara a cara fortalecem as relações interpessoais em casa e no trabalho.
Como diz Johann Hari em seu livro, “em um mundo que está constantemente prisioneiro da distração, a verdadeira revolução é a capacidade de permanecer presente”.