Setor da Polícia Civil gaúcha especializado em crimes relacionados à propagação de discursos de ódio e desrespeito à diversidade, a Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância concentra 56% de suas ações em investigações sobre racismo. O segundo fator mais prevalente, conforme a delegada Tatiana Bastos, é a intransigência sobre liberdade e diversidade de gênero e orientação sexual, com 21% dos casos.
— São indicativos importantes sobre os principais temas nos quais o trabalho especializado de investigações deve se concentrar — aponta a delegada.
Tatiana Bastos assumiu a titularidade da delegacia e também da Divisão de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância na última quinta-feira (22). Ela afirma que estão entre as prioridades desarticular células extremistas e neonazistas e minimizar a subnotificação de crimes, viabilizando ações para evitar agressões e interromper disseminação de ódio e recrutamento de jovens por ideologias ultraconservadoras e ultranacionalistas.
No início do mês, a Delegacia de Combate à Intolerância realizou operação denominada Accelerare, cujo nome faz alusão à ideologia aceleracionista, que propaga a ideia de que processos sociotecnológicos vinculados ao conservadorismo e ao comportamento de extrema direita deveriam ser ampliados e acelerados, a fim de, supostamente, gerar uma mudança social significativa.
A operação resultou na prisão de três homens que foram indiciados pela polícia em inquéritos remetidos ao Poder Judiciário no início da semana passada. Segundo a delegada, as investigações comprovaram que os criminosos recrutavam pessoas para cometer ataques a negros, homossexuais, judeus e imigrantes. Os suspeitos tiveram livros, computadores, celulares, símbolos de apologia ao nazismo e fascismo, além de arma e munição apreendidos.
Tatiana explica que as apurações realizadas pela delegacia estão sustentadas por uma importante base de aplicações tecnológicas, como softwares específicos para busca e análise de informações, bem como no trabalho de inteligência da Polícia Civil do Estado e da Agência Brasileira de Inteligência.
— Queremos fortalecer a base de dados sobre as ocorrências e constituir um mapeamento sobre a intolerância na Capital e no Estado. Vamos nos aproximar da comunidade, especialmente dos grupos vulneráveis, para estabelecermos um mapeamento das ações criminosas com objetivo de aprimorar o combate aos crimes de ódio e intolerância à diversidade — define a delegada.
Como denunciar
O serviço da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância pode ser acessado das seguintes maneiras:
- Fisicamente, na Avenida Presidente Roosevelt, 981, bairro São Geraldo, em Porto Alegre, das 8h30min ao meio-dia e das 13h30min às 18h.
- Pelo telefone (51) 9.8444-0606 ou pelo Disque 100.