Depois de ser afastado da 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento por soltar dois suspeitos com antecedentes criminais encontrados com armas no sábado (6), o delegado José Marcos Falcão de Melo terá sua conduta analisada pelos gestores da Polícia Civil. O resultado da avaliação interna não deve ter relação direta com a escolha da nova função do agente, de acordo com a chefia de polícia do Estado.
— O delegado usou a autonomia e o direito de decidir. Precisamos apurar qual foi a circunstância e se houve ilícito administrativo ou não. Vamos ouvir todas as partes envolvidas — afirma o chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, delegado Fernando Sodré, em contato com GZH nesta quarta-feira (10).
De acordo com o documento em que publica sua decisão, Melo se baseou em três motivos principais para não prender os suspeitos conduzidos pela Brigada Militar (BM). Na análise do delegado, houve contradição no depoimento dos brigadianos, e faltavam indícios de que a posse de armas e munições trazidas por eles configurava um crime. Além disso, o motivo para abordarem a dupla também não era uma suspeita absoluta, na visão dele, e a detenção poderia ser interpretada como abuso de autoridade. Os argumentos estão no despacho da ocorrência assinado por ele.
A ocorrência
Os dois suspeitos de integrar uma facção criminosa foram abordados dentro de um carro, na noite da última quinta-feira (4) no Campo da Tuca, Vila João Pessoa, zona leste da Capital. Os dois, com vários antecedentes criminais, foram abordados por brigadianos devido à atitude suspeita dentro do veículo. Quando foram revistados pelos policiais militares, tiveram vários materiais apreendidos.
Segundo a Brigada Militar (BM), foram recolhidas sete armas, a maioria com numeração raspada e uma em situação de furto, além de 19 carregadores, 320 projéteis, cerca de R$ 180 em dinheiro, dois celulares e o automóvel em que os suspeitos estavam. Ao serem identificados, os PMs confirmaram que se tratava de integrantes de uma facção criminosa que atua na cidade.
Os policiais militares do 1º e do 19º batalhões, que atenderam juntos à ocorrência, informaram a GZH na tarde de sábado (6) que ambos os detidos têm 24 anos. Um deles tem os seguintes antecedentes criminais: quatro receptações, clonagem de veículos, furto simples e furto de veículo. O outro tem passagem pela polícia por quatro roubos a pedestres, receptação, roubo de veículo e a estabelecimento comercial, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
A dupla foi apresentada na noite de quinta-feira na 2ª DPPA, que fica no Palácio da Polícia, mas não foi lavrado o flagrante, apesar do armamento ter sido apreendido e ter sido instaurado um inquérito. Desta forma, os dois suspeitos foram soltos e responderão em liberdade.