Nesta sexta-feira (7), completam-se 12 anos do episódio que ficou conhecido como massacre de Realengo, quando um atirador invadiu um colégio no bairro da zona oeste do Rio de Janeiro e matou 12 crianças antes de tirar a própria vida. Até hoje, este é o ataque em escolas que deixou mais vítimas no Brasil.
O atirador, com 23 anos na época, era ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, onde ocorreu o atentado. Ele estava com dois revólveres e invadiu duas salas de aula, disparando contra alunos de 13 a 15 anos.
Poucos dias depois do massacre, os pais das vítimas formaram a Associação Anjos de Realengo, hoje presidida por Adriana Silveira, que perdeu a filha no ataque.
— Chegamos à conclusão de que seria muito importante montar uma associação para que nós pudéssemos lutar pelo que tinha acontecido ali. Até então, era um fato muito novo, não tínhamos consciência de outros parecidos aqui no nosso país, e nós precisávamos fazer alguma coisa, precisávamos lutar pela segurança das nossas escolas — afirmou Adriana em entrevista à Rádio Gaúcha na quarta-feira (5), horas após o ataque em uma creche em Blumenau que deixou quatro crianças mortas e outras cinco feridas.
Segundo Adriana, após o ataque em Realengo, a escola Tasso da Silveira foi reformada, passou a ter câmeras e também maior vigilância da guarda municipal. Contudo, ela destaca que a mudança "precisa acontecer em todas as escolas" e com atitudes mais concretas das autoridades.
— Lá atrás, quando aconteceu em Realengo, se tivessem feito algo mais concreto, hoje não estaríamos vendo tantas mães chorarem pelas perdas de seus filhos. Ainda há muito a ser feito, e a gente precisa muito do poder público abraçando com firmeza essa causa. Não podemos mais ficar só no diálogo — reforça.
Lembrar é reagir, e esquecer é permitir. Cada vez que a gente lembra um fato como esse de Realengo, a gente está reagindo, para que não aconteça mais, e cada vez que a gente não quer falar sobre o assunto, a gente tá jogando a sujeira pra baixo do tapete.
ADRIANA SILVEIRA
Mãe de uma vítima do massacre de Realengo
Na sexta-feira, a associação e a comunidade de Realengo farão um ato ao lado da escola para lembrar a tragédia. Como enfatiza Adriana, essas manifestações são importantes para que os ataques anteriores não caiam no esquecimento, e também para conscientizar a sociedade sobre o risco de novos massacres.
— Todo dia 7 de abril a gente faz um ato ali ao lado da escola. A gente vai lá para conscientizar, para relembrar, porque lembrar é reagir, e esquecer é permitir. Cada vez que a gente lembra um fato como esse de Realengo, a gente está reagindo, para que não aconteça mais, e cada vez que a gente não quer falar sobre o assunto, a gente tá jogando a sujeira pra baixo do tapete. Infelizmente, se a gente não tomar uma atitude, a gente vai continuar vendo fatos como esses — ressalta Adriana.