Os primeiros enterros das vítimas do massacre que matou 12 crianças e adolescentes numa escola do Rio de Janeiro ocorreram na manhã desta sexta-feira. Uma multidão se reuniu no cemitério de Morundu, próximo a Realengo, subúrbio do oeste do Rio onde se localiza a escola primária em que ocorreu a tragédia.
Um helicóptero da Polícia Militar do Rio jogou pétalas de rosas sobre o cemitério e as pessoas presentes aos enterros olharam para o ar surpreendidas e emocionadas. No momento, era realizado o enterro de Laryssa Silva Martins, de 13 anos.
- Esse desgraçado destruiu nossa família. Não tem coração. O que ele fez foi horrível - lamentou Jackson da Silva, padrinho de Laryssa.
O secretário de Segurança do Rio, José Mario Beltrame, compareceu ao evento assim como efetivos da polícia. Também estavam presentes os médicos e enfermeiros que participaram no atendimento às vítimas. Ambulâncias e carros de bombeiros foram enviados aos cemitérios para atender a eventuais emergências durante as cerimônias.
No mesmo cemitério, foi enterrado os corpo de Mariana Rocha de Souza, de 12 anos. No cemitério Jardim da Saudade em Sulacap, houve o sepultamento nesta manhã de Rafael Pereira da Silva, de 14 anos, Karine Lorraine Chagas de Oliveira, de 14 anos, Larissa dos Santos Atanázio, de 13 anos, e Luiza Paula da Silveira Machado, de 14 anos. Géssica Guedes Pereira foi sepultada no Cemitério de Ricardo de Albuquerque.
Até a madrugada de sexta, 11 dos 12 corpos dos mortos foram reconhecidos pelos familiares. Dez meninas e dois meninos perderam a vida quando Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que era um ex-aluno da instituição, invadiu o colégio e disparou contra eles. Os corpos de mais três vítimas da tragédia aguardam liberação do Instituto Médico Legal.
A presidente Dilma Rousseff, que manifestou seu repúdio ao crime, viaja neste fim de semana para a China e não tem previsão de ir ao Rio para participar das cerimônias fúnebres.
À medida que as horas passam, alguns detalhes do ataque e do agressor começam a ser conhecidos. Um vídeo do circuito interno de câmaras da escola mostra alguns momentos do tiroteio: os a adolescentes correndo desesperados, caindo ao chão, tentando escapar do atacante, e Wellington saindo para o corredor para recarregar suas armas.
Outra gravação de uma testemunha, postada no YouTube, mostra vários alunos saindo desesperados da escola, em meio a cenas de pânico dos pais aglomerados diante do prédio. Ex-companheiros de trabalho Wellington como uma pessoa calada e sem amigos, ao mesmo tempo em que seus ex-colegas de escola recordaram que ele era vítima de bullying e era desdenhado pelas meninas do grupo.
- Sinceramente, não sei por que ele fez isso - declarou Bruno Linhares, de 23 anos, ex-colega de turma.
O coronel Evandro Bezerra, relações públicas do Corpo de Bombeiros, disse que Wellington cometeu um ato premeditado.
- Ele veio à escola preparado para fazer isso - declarou.
Uma carta com uma mensagem incoerente, cheia de mensagens religiosas e que a polícia encontrou entre suas roupas, parece confirmar isso. A polícia está investigando a origem das armas utilizadas pelo atacante, que conseguiu carregá-las diversas vezes antes de ser baleado por um policial e se suicidar.
As imagens de Wellington com a cabeça e as costas ensanguentadas, caído na escada da escola, ocupam grande espaço nos sites brasileiros, enquanto que os canais de televisão entrevistam incessantemente especialistas que tentam explicar a motivação do ataque.
O ataque:
Um homem identificado como Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, entrou armado nesta quinta-feira na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, por volta das 8h. Segundo testemunhas locais, ele chegou a conversar com professores e alunos e, em seguida, começou a atirar.
Uma das crianças conseguiu escapar e pediu ajuda a policiais militares do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV) que davam apoio a uma blitz nas proximidades da escola, na Rua Piraquara. Ao chegar ao local, um policial atirou na perna do criminoso e pediu que ele largasse a arma. O homem caiu baleado e, ao ser rendido, atirou contra a própria cabeça.
Em gráfico, veja como foi o massacre
Assista às imagens da escola durante o ataque:
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Confira a localização da escola:
Visualizar Homem invade escola no Rio de Janeiro e atira contra estudantes em um mapa maior