Entre os cinco presos na operação deflagrada pela Polícia Civil na Região Metropolitana, na manhã desta terça-feira (25), está o homem, de 34 anos, apontado como líder da quadrilha que foi alvo da ofensiva. Ele tem antecedentes por homicídios, um latrocínio no Uruguai e roubo a bancos, e é investigado por comandar a distribuição de pelo menos 50 quilos de crack e cocaína por mês somente em Porto Alegre.
O homem foi preso temporariamente em um condomínio de luxo no bairro Jardim Lindoia, na zona norte da Capital, e teve uma Mercedes — avaliada em mais de R$ 600 mil — apreendida. Conforme a polícia, ele está por trás também da lavagem de dinheiro do tráfico por meio da compra de bens, em nome de laranjas, e em depósitos de contas bancárias.
Ainda de acordo com a investigação, o grupo que seria liderado pelo suspeito — que não teve o nome divulgado pela polícia — é uma ramificação de facção e lavou pelo menos R$ 1,4 milhão do dinheiro obtido com a distribuição de drogas entre os meses de maio e setembro de 2022. O titular da 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Guilherme Dill, ressalta que o valor deve ser ainda maior.
A apuração, por enquanto, se limitou a este período de seis meses do ano passado devido às contas bancárias que foram identificadas. Ainda sobre o preso, o diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, diz que segue consultando todos os crimes que teriam sido cometidos por ele.
— Em depoimento, ele já confirmou que, sobre o latrocínio, ele é réu em processo por matar uma pessoa durante roubo a casa de câmbio em Rivera, no ano de 2016. Além disso, há diversos antecedentes por homicídios e assaltos a bancos — diz Carraro.
O delegado afirma que, nos últimos anos, o suspeito teria se especializado também em financiar, além de distribuir, entorpecentes para organizações criminosas. Carraro destaca que o líder do grupo investigado costuma ter trânsito livro entre as facções.
Advogada investigada
Uma advogada de Porto Alegre é investigada por suposta ligação com o grupo desarticulado nesta terça-feira. Ela é uma das 13 pessoas alvos da Operação Cartão Vermelho.
A mulher não foi presa, apenas alvo de buscas. O delegado Dill ressalta que a investigada teve a conta bancária bloqueada e um veículo apreendido.
Segundo ele, foram localizadas provas sobre a advogada ter emprestado o seu nome aos traficantes para aquisição de carros utilizados nos transportes de drogas. Além disso, ela ainda estaria orientando juridicamente os investigados na lavagem de dinheiro.
Além de cinco presos, incluindo o apontado como líder da quadrilha, um detento teve mandado de prisão cumprido contra ele na cadeia. Há ainda cinco foragidos.
Investigação
A investigação da 1ª Delegacia do Denarc teve início em agosto de 2022, quando um casal foi preso na zona sul de Porto Alegre com 18 quilos de crack. Trocas de mensagens entre os investigados comprovaram que a droga tinha uma marca, para ser identificada entre os usuários e demais traficantes, com o objetivo de atestar a qualidade da substância.
Além disso, as mesmas trocas de informações — entre os integrantes da facção e que foram interceptadas pela polícia — revelam que os criminosos tinham preferência em conversar no Telegram para não serem rastreados, e ainda enviavam entre si fotos de várias notas de dinheiro.
A operação policial ocorreu nos bairros Rubem Berta e Jardim Lindoia, em Porto Alegre, e também em Gravataí. Mais de 50 agentes cumpriram 11 mandados de prisão temporária, 11 de busca, cinco de bloqueio de contas bancárias e três de apreensão de veículos.