Um esquema de tráfico de drogas interestadual foi descoberto pela Polícia Civil neste fim de semana. Depois de monitorar por 90 dias uma possível rota de São Paulo ao Rio Grande do Sul, agentes do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) abordaram na madrugada de domingo (9) um motorista do Paraná que transportava drogas. Ele foi preso em flagrante.
Segundo a polícia, o motorista não possui antecedentes criminais e levava materiais diversos para uma transportadora — o nome dele não foi divulgado. Mas, ao verificarem a cabine do veículo, policiais encontraram 60 quilos de drogas: 32 quilos de cocaína e 28 de crack.
O titular da 3ª delegacia do Denarc, delegado Gabriel Borges, que coordenou a Operação Via Expressa, explicou nesta segunda-feira (10) que a investigação apurou que era transportada ao Estado cerca de meia tonelada de entorpecente mensalmente por meio deste esquema criminoso.
A abordagem ao motorista aconteceu nas imediações do pedágio da freeway em Gravataí, na Região Metropolitana. Conforme a polícia, a droga seria levada para um posto de combustível e, depois, distribuída para todo o Estado. O caminhoneiro teria recebido R$ 4 mil para realizar o transporte. Conforme apuração, o prejuízo dos traficantes envolvidos foi de R$ 3 milhões.
Borges afirma que o objetivo dos criminosos em deixar os entorpecentes na cabine era despistar autoridades em caso de fiscalização, já que agentes normalmente verificam a carga transportada na carreta.
O trabalho agora será acionar os responsáveis pelos Correios, já que droga estava em um veículo que fazia transporte via Sedex. O Denarc ainda vai verificar o que há no restante da carga, em meio aos diversos materiais lacrados que estavam sendo transportados.
O tráfico interestadual foi descoberto, segundo o delegado, por meio de apreensões realizadas neste ano em operações policiais. Em todos os casos, os entorpecentes estavam sendo levados em caminhões com cargas lícitas, mas sempre nas cabines dos veículos e envolvendo motoristas de transportadoras sem passagem pela polícia.
Conforme a investigação, a rota feita pelos motoristas também não era alterada, o que confirmava a atividade, em tese, lícita. A apuração apontou que o transporte da droga era semanal.
A cocaína apreendida é de origem peruana e possui altíssimo grau de pureza. O delegado explica que, ao ser submetida a processos químicos, poderia render até cinco vezes mais para ser revendida no Rio Grande do Sul pelo crime organizado.
A participação da transportadora será investigada, mas a polícia diz que as empresas não sabiam da prática criminosa. A investigação prossegue pra identificar e responsabilizar criminalmente os demais membros do grupo. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 08000 518 518.
Procurada por GZH, a assessoria de imprensa dos Correios enviou nota na qual afirma que "a área de segurança corporativa da empresa está acompanhando o caso e colaborando com as autoridades competentes".
Posicionamento
Confira nota dos Correios na íntegra:
Em relação à operação Via Expressa, realizada pela Polícia Civil/RS nesse fim de semana, os Correios informam que a área de segurança corporativa da empresa está acompanhando o caso e colaborando com as autoridades competentes.
A estatal avalia as medidas contratuais cabíveis nesta situação.
As encomendas que eram transportadas pelo caminhão apreendido já seguiram o fluxo normal de entregas.
Os Correios enfatizam que mantêm estreita parceria com órgãos de segurança pública para prevenir crimes nos serviços postais.