O detento que ficou gravemente ferido em um incêndio no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), em 19 de janeiro, em Porto Alegre, morreu na noite de terça-feira (7). Maximiliano Beal Antunes, 23 anos, estava internado no Hospital Vila Nova, sob custódia da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Antunes ficou 35 dias internado na UTI de queimados do Hospital de Pronto Socorro. No dia 24 de fevereiro, foi transferido para a UTI do Hospital Vila Nova e chegou a apresentar melhora no quadro de saúde, mas acabou não resistindo.
— Pelo tempo prolongado de hospitalização, acabou criando outros problemas como infecção e pneumonia — explicou o advogado de Antunes, André Carús.
O defensor ainda afirma que busca uma explicação para o incêndio e que pedirá reparação.
— Não tem mais a possibilidade de ele se defender daquilo que era acusado. A regra da presunção da inocência se esvaiu pela morte. Vamos buscar não apenas reparação material, mas também moral — concluiu.
Procurada, a Susepe alega que o incêndio não foi provocado por problemas estruturais, mas sim pelos apenados que ocupavam a cela. Um processo administrativo foi aberto para apurar as circunstâncias.
O que diz a Susepe:
"A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) informa o óbito de Maximiliano Beal Antunes, às 18h30 da última terça-feira (07). Ele estava internado na Associação Hospitalar Vila Nova, desde o dia 19 de janeiro, quando ocorreu um incêndio em uma das celas do Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp). Imediatamente, os agentes penitenciários prestaram atendimento aos quatro presos que ficaram feridos e conduziram-nos ao hospital.
A Susepe abriu um processo administrativo disciplinar, no dia 24 de janeiro, para apurar as causas do incidente, o qual está em andamento. Contudo, a apuração preliminar aponta que o fogo não teve relação com a estrutura do Nugesp, mas, sim, foi ocasionado pelos apenados que ocupavam a cela. O Nugesp possui Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) aprovado e válido até 19 de junho de 2027."
Nugesp
Inaugurado em junho de 2022, com a promessa de acabar com o problema de presos em delegacias e viaturas, o Nugesp funciona como um centro de triagem e porta de entrada para os detidos direcionados ao sistema prisional. Com capacidade para abrigar 708 pessoas, o local oferece serviços como identificação, documentação, registro policial, classificação, triagem e audiência de custódia.