A advogada que atua na defesa das mulheres, Laura Cardoso, teve sua vida alterada nos últimos dias, após seu carro ser incendiado. É investigado se o caso trata-se de uma tentativa de ameaça ao seu trabalho. A Polícia Civil e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estão mobilizados para apurar a situação, que chamou atenção de moradores de Pelotas, no sul do Estado.
Grávida de 39 semanas, Laura estava em casa com seu marido na noite de domingo (19), por volta das 20h30min, quando foi avisada por um vizinho de que seu veículo, estacionado em frente ao seu condomínio, estava em chamas. Ao chegar no local, encontrou o Focus completamente destruído. A advogada acionou a Brigada Militar e foi orientada a registrar boletim de ocorrência.
Após conversar com vizinhos de estabelecimentos próximos ao condomínio, Laura soube que dois homens foram avistados em uma motocicleta, portando martelo e galão de gasolina. A suspeita é de que eles tenham sido os responsáveis pelo incêndio que destruiu seu automóvel.
Atuando desde 2018 na área do Direito da mulher, Laura acredita que trata-se de uma ameaça. Na tentativa de preservar sua segurança, a advogada deixou o apartamento onde morava com o marido e o filho, e não descarta mudar de cidade. Ainda abalada, ela conversou com GZH e afirmou que o sentimento de medo e impotência estão presentes.
— Não imaginava estar vivendo isso prestes a receber o meu segundo filho. É muito cruel. Uma tentativa de silenciamento que deixa meu psicológico extremamente abalado. Me senti violentada. O incêndio é um recado de que o meu trabalho incomoda e de que a minha vida e a da minha família estão em risco — afirmou, emocionada.
Nas redes sociais, a advogada ganhou o apoio de centenas de colegas de profissão, entidades, associações e políticos. O presidente da OAB-RS, Leonardo Lamachia, se deslocou até Pelotas para acompanhar de perto as investigações referentes ao caso. Em encontro na manhã desta terça-feira (21), Lamachia afirmou que a OAB espera apurar os fatos o mais rápido possível:
— Estamos aqui em Pelotas atuando em três pilares: prestar apoio a Laura, ajudar na apuração dos fatos e mostrar à sociedade a importância de respeitar o trabalho da advocacia.
A Polícia Civil investiga o caso e tipifica o crime como incêndio doloso. Não é descartada a participação de uma terceira pessoa. Imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos próximos ao condomínio serão solicitadas para auxiliar na investigação.
A OAB solicitou medida protetiva à vítima, mas não foi aceita. Mesmo assim, a Brigada Militar se dispôs a colocar o endereço da advogada como local de risco e equipes estão fazendo ronda, assim como fazem com bancos e pontos com potencial de alguma ocorrência.