Foi realizada no final da manhã desta quinta-feira (16) na comunidade de Lava Pé, no interior de São Gabriel, na Fronteira Oeste, uma inspeção no local onde foi encontrado o corpo de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, em agosto do ano passado. A vistoria foi pedida pela defesa dos três policiais militares acusados pela morte do jovem.
A solicitação foi feita na quarta-feira (15) durante audiência no Fórum de São Gabriel. As sessões da Justiça Militar ouviram sete pessoas na quarta, e outras sete prestam depoimento nesta quinta, após a vistoria.
Na Justiça Militar, o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen e os soldados Cléber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso respondem por ocultação de cadáver e falsidade ideológica.
Conforme as defesas dos réus, o pedido para inspeção tem objetivo de contestar as provas produzidas ao longo da investigação quanto ao modo como o corpo do jovem foi encontrado. A ação foi acompanhada pela juíza da auditoria militar de Santa Maria, Viviane Freitas Pereira, pelos promotores e pelos próprios advogados.
— O objetivo é demonstrar de maneira rápida e visual alguns elementos de provas que foram produzidos. A forma como o Gabriel foi localizado está muito nebulosa — disse o advogado Maurício Custódio, que atua na defesa de Jacobsen.
Na Justiça comum, que tem competência para julgar casos de crime doloso contra a vida de civis, os três policiais respondem por homicídio triplamente qualificado — motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Gabriel desapareceu após uma abordagem da Brigada Militar no dia 12 de agosto de 2022. Ele foi colocado por policiais dentro de uma viatura, após ser agredido. O corpo dele foi encontrado, uma semana depois, dentro de um açude.
Registros de GPS apontam que a viatura em que Gabriel foi colocado esteve próximo do açude logo após a abordagem. A perícia determinou que ele morreu em decorrência de um golpe por objeto contundente.