A Polícia Civil anunciou, nesta segunda-feira (16), a prisão preventiva do motorista de um Voyage suspeito de atropelar e matar Gelson da Silva, em 3 de janeiro, na Avenida Tronco, na zona sul de Porto Alegre. Além dele, o condutor de um HB20 envolvido no atropelamento também já está preso desde o dia do fato.
Os dois condutores, ambos de 22 anos, estão presos por participarem de um racha que resultou na morte de Silva, 69 anos. A vítima do atropelamento não tinha as pernas e cruzava a avenida apoiado sobre as mãos quando foi atingido pelos dois carros, em sequência.
O condutor do Voyage teve prisão preventiva expedida na última sexta-feira (13), mas não foi localizado pelos policiais. No fim da tarde do mesmo dia, se apresentou à polícia, acompanhado de advogada.
— Não há dúvida nenhuma de que aqueles dois meninos irresponsáveis, de 22 anos, estavam promovendo uma corrida automobilística proibida, o famoso racha, e acabaram atropelando o senhor Gelson — disse o delegado Cesar Carrion, responsável pela investigação.
A Polícia Civil indiciou ambos pelo crime de “participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística (...) não autorizada” que resulte em morte. O crime está previsto no artigo 308 do Código de Trânsito Brasileiro.
— Entendemos que eles não tinham a intenção de matar. Por isso o enquadramento no artigo 308. Entendemos isso depois da análise de toda a colheita de provas. Que não tinham a intenção de atropelar e matar. É coisa de meninada. É coisa de menino. Estavam fazendo um racha — avaliou Carrion.
Durante a coletiva de imprensa para detalhamento da segunda prisão e dos indiciamentos, o chefe de polícia, delegado Fábio Motta Lopes, destacou a celeridade do esclarecimento do crime.
— Importante destacar que todas as circunstâncias dos fatos foram esclarecidas. Temos a prova da materialidade: houve, sim, crime em razão de um racha. Temos a autoria identificada: os dois indivíduos estão presos. É importante destacar que tem respaldo para esta conclusão do delegado Carrion — apontou o chefe de polícia.
Diferentemente do condutor do HB20, o homem preso na última sexta-feira não possuía carteira nacional de habilitação (CNH).
De acordo com a Polícia Civil, o motorista do Voyage não assumiu a participação no racha e alegou estar em alta velocidade por receio de ser vítima de um assalto por parte do condutor do HB20. Este último, conforme a polícia, ficou em silêncio durante o depoimento.
Durante a investigação, a polícia também concluiu, por meio de depoimentos, que ambos eram conhecidos na região pela participação em rachas. A apuração também encontrou elementos que indicam que o motorista do Voyage participou, dias antes do atropelamento na Avenida Tronco, de um racha na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, em Porto Alegre.
— Esses meninos eram conhecidos na Vila Cruzeiro, principalmente o do Voyage, por fazer rachas. Já se sabe que aparece (em registros) o menino do Voyage disputando racha no final do ano na Edvaldo Pereira Paiva — acrescentou o delegado responsável pelo caso.
Até o momento, a investigação não identificou relação pessoal entre os dois participantes do racha.