A Polícia Civil realizou nesta quinta-feira (19) a terceira fase da Operação Judas, que combate crimes de corrupção ativa e passiva que seriam praticados por agentes penitenciários e apenados em São Sepé, na Região Central. Dois agentes, de 46 e 49 anos, foram presos preventivamente por suspeita de facilitar a entrada de telefones dentro do presídio estadual do município.
— Os dois permaneceram em silêncio — afirmou a delegada Carla Dolores Castro de Almeida, que coordenou os trabalhos.
Também foram detidos um homem, de 38 anos, que cumpre pena com tornozeleira eletrônica, e uma mulher, de 43, que, conforme a investigação, fazia a mediação entre o apenado e o agente penitenciário.
A polícia ainda apreendeu uma motocicleta que pertencia ao apenado. A apuração apontou que o veículo foi comprado com dinheiro ilícito, em nome de um “laranja”.
Com meses de interceptação telefônica e extração de dados de telefones apreendidos na fase anterior da operação, que ocorreu em novembro do ano passado, a investigação conseguiu identificar como funcionava a logística. Segundo a Polícia Civil, os agentes auxiliavam a entrada dos aparelhos nos dias de plantão, contando com colaboração de outras pessoas ligadas ao apenado. Elas eram responsáveis por fazer a entrega dos celulares e outros objetos para os servidores.
De acordo com a investigação, uma das formas usadas pelos investigados para disfarçar a entrada de chips e carregadores na prisão era pedir que familiares colocassem os acessórios no interior de potes com doce de figo e abóbora, como se fossem presente.
De acordo com a Polícia Civil, ao menos nove pessoas, entre apenados e familiares, ainda serão indiciados por corrupção ativa, associação criminosa e favorecimento real.
Fases anteriores
A investigação se iniciou em maio do ano passado após uma denúncia enviada ao Ministério Público por um apenado que afirmava haver um envolvimento do preso que atuava como chefe da galeria no crime.
Quatro meses depois, em setembro, a primeira fase da operação cumpriu mandados de busca e apreensão nas celas suspeitas, encontrando cinco celulares, 10 porções de drogas, além de objetos perfurantes artesanais.
Já na segunda fase, deflagrada em novembro de 2022, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão nas casas de agentes penitenciários e demais investigados em São Sepé, Santa Maria, São Gabriel e Caçapava do Sul. Na ocasião, foram recolhidos diversos celulares, um revólver, pendrives e comprovantes de depósitos bancários.
Além de diversas delegacias da Polícia Civil, as investigações contaram com o apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), por meio da corregedoria e da Delegacia Penitenciária de Santa Maria.