O advogado do réu Marco Antônio Bernardes foi o primeiro entre os defensores a falar nesta quarta-feira (14), no quinto júri do processo que apura as responsabilidades pela morte do ex-secretário municipal da Saúde Eliseu Santos. Cláudio Cardoso da Cunha recordou o início do que chamou de divergências iniciais entre a Reação — que prestava serviço de segurança em postos de saúde — e integrantes da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Disse que houve uma chantagem por representantes da empresa para receber valores que a prefeitura estaria devendo. Chegou a apresentar um vídeo aos jurados, com um trecho do depoimento em juízo do ex-procurador-geral do município João Batista Linck Figeira, que disse ter sido chantageado. Conforme o mencionado depoimento de Figeira, os integrantes da Reação estariam querendo renovar contrato com o município e receber valores atrasados. Caso não ocorresse divulgariam uma gravação — que acabou vindo a público — na qual Marco Bernardes aparece supostamente recebendo propina do dono da Reação.
Cunha reclamou da divulgação do caso pela imprensa, o que teria prejudicado seu cliente.
— Quem cai na fogueira da imprensa como corrupto vai ser corrupto a vida inteira. Quem vai julgar é a opinião pública — exclamou o advogado.
Cunha lembrou dos contratos entre a prefeitura e a Reação e seus aditamentos. Disse que o problema naquela relação entre o poder público e a empresa foi gerado pelo gestor da secretaria, no caso, o secretário da Saúde que morreu, e não por Marco Bernardes, que não teria poder de mando em casos como aquele.
Disse que o dono da Reação, Jorge Renato Hordoff de Melo — já condenado — “era um homem desesperado”, porque estava vendo sua empresa afundar em dívidas. Que ele fazia acusações sem provas, muitas delas que teriam sido usadas pelo MP na acusação. O advogado ainda questionou a autenticidade das imagens com o suposto recebimento de propina por Marco Bernardes:
— Esses vídeos que ele (Jorge Renato Hordoff) apresentou como provas de corrupção, ele mesmo disse aqui que foi montagem do Leudo (Costa), seu advogado. Esses áudios foram editados e manipulados.
Leudo Costa prestou depoimento como testemunha e disse não ter manipulado qualquer vídeo.
Cunha sustenta que Marco Bernardes nunca pagou propina.
— R$ 100 mil (valor que o MP diz que a Reação pagou de propina aos réus) é dinheiro. Olha, uma empresa que estava pedindo dinheiro para advogado, não tinha dinheiro para pagar vale-transporte, pagar seus funcionários, iria pagar generosas propinas para um barnabé (se referindo a Marco Bernardes) que não tinha poder de decidir nada lá dentro? — ironizou o advogado, ao dizer que foi uma “revanche e retaliação da Reação por desespero”.
A Reação teria entrado no esquema e pagava propina a integrantes da pasta, para que os contratos com a prefeitura fossem mantidos. Naquele ano, Eliseu estava à frente da secretaria e teria descoberto a corrupção, encerrando o contrato com a empresa – que acabou entrando em falência em razão de dívidas e demais problemas.
— Não é santo, não é anjo, mas também não é demônio — encerrou advogado de réu, ao pedir a absolvição de seu cliente.
Em seguida começa a fala da defensora pública Tatiana Boeira, que representa os réus José Carlos Brack e Cássio Medeiros de Abreu.