A Delegacia de Homicídios de Alvorada aguarda o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para confirmar se as quatro crianças mortas pelo pai estavam inconscientes no momento do crime. O autor, David da Silva Lemos, 28 anos, foi preso na madrugada desta quarta-feira (14) em um hotel no centro de Porto Alegre e disse a policiais, informalmente, que deu um chá para as vítimas.
Dentro da residência onde os irmãos, com 3, 6, 8 e 11 anos de idade, foram encontrados, na Rua Hermes Pereira de Souza, bairro Piratini, a polícia recolheu vidros de remédio. O laudo da necropsia vai apontar se eles ingeriram as substâncias.
Familiares e testemunhas devem prestar depoimento nos próximos dias. A mãe, que completa 25 anos no dia 18 de dezembro, reside em Porto Alegre e ainda não foi ouvida pela polícia. Um aparelho celular, pertencente ao suspeito, foi apreendido e também será periciado.
A apuração inicial descarta a participação de outras pessoas no crime. O inquérito também busca entender se as mortes foram premeditadas pelo homem.
Os corpos das crianças seguem no Departamento Médico Legal e devem ser liberados durante a tarde desta quarta-feira. Três delas tinham ferimentos causados por faca, segundo a polícia, e uma delas teria morrido por asfixia. A faca supostamente usada foi apreendida.
O crime teria acontecido no fim da tarde de segunda-feira (12). As crianças foram deixadas com o pai para passar o fim de semana com ele em Alvorada. A avó paterna, ao voltar do trabalho, foi quem localizou os corpos dos netos, no final da tarde de terça.
O homem foi preso na recepção de um hotel, próximo da rodoviária de Porto Alegre. Ele permaneceu em silêncio durante o interrogatório e foi autuado por quatro homicídios qualificados, sendo as qualificadoras motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e o fato de as vítimas terem menos de 14 anos. O crime ainda é majorado pelo fato de ele ser o pai.
Também informalmente, o suspeito, ao ser preso, disse ter agido por vingança, por ter desavenças com a mãe das crianças. Conforme a polícia, ele tinha antecedentes criminais e a ex-companheira já havia pedido uma medida protetiva contra ele.
A Defensoria Pública do Estado, que será responsável pela defesa de Lemos, divulgou a seguinte nota:
A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul informa que esteve presente na audiência de custódia do acusado, realizada na manhã desta quarta-feira (14), no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional – NUGESP, para garantir a ampla defesa e o contraditório.
Na ocasião, foi decretada a prisão preventiva.
O homem informou que, em princípio, não constituirá advogado particular. Sendo assim, a partir de agora, a Defensoria Pública seguirá atuando na defesa dele e irá se manifestar somente nos autos do processo.