A Polícia Civil de Esteio pediu nesta sexta-feira (2) a prisão preventiva de uma mulher suspeita de integrar a quadrilha, alvo de operação deflagrada na quarta-feira, que criava falsas centrais telefônicas para entrar em contato com clientes de bancos e aplicar o chamado golpe do falso 0800. Moradora de São Paulo, a mulher segue foragida.
Além dela, a delegada Luciane Bertoletti pediu a prisão preventiva de mais três suspeitos. Alguns deles estão envolvidos no repasse de R$ 4 milhões, obtidos de forma ilícita, para a conta de quatro moradores de rua de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.
Até agora, há nove pessoas detidas e a polícia gaúcha contabiliza 300 vítimas, número que deve ser maior, porque muitas pessoas que podem ter sido lesadas estão contatando a investigação nos últimos dois dias.
Luciane explica que o golpe do falso 0800 ocorre quando suspeitos, se passando por funcionários de instituições financeiras, ligam para as vítimas informando que houve algum tipo de problema e sugerem novas verificações para resolver o caso. Mas, na verdade, tudo não passa de um golpe para retirar dinheiro das contas das vítimas.
— E o número de vítimas deve ser ainda maior. Há as pessoas que estão nos procurando depois da operação deflagrada e acreditamos que estes paulistas devem ter lesado pessoas em outras regiões também. Agora estamos atrás dessa atendente porque ela é o pivô de vários golpes — diz a delegada.
Disputa
A atendente, cuja prisão foi ordenada, foi motivo de disputa entre dois grupos criminosos, mostrou a investigação. Ela teria lesado centenas de pessoas e era considerada muito convincente se passando por atendente de central telefônica. O nome da suspeita não foi divulgado.
Diálogos interceptados pela polícia, com autorização judicial, confirmam a disputa. Em um dos áudios divulgados, um investigado relata o "assédio" à mulher.
A suspeita teria recebido uma proposta para trocar de "escritório do crime", como os próprios investigados dizem. Com esta disputa, segundo a polícia, a mulher ascendeu dentro do grupo e passou a também coordenar o esquema.
Luciane chegou ao nome dela, durante a investigação, quando a atendente, em uma interceptação telefônica, forneceu os próprios dados para uma consulta médica. Jovem e sem antecedentes criminais, a atendente não despertava, até então, suspeita das autoridades. Outro indício apurado contra ela foi um aumento do patrimônio incompatível com o ganho financeiro declarado.
Em um outro áudio, um integrante do grupo liga para a suspeita e ela, mesmo sabendo que falava com um comparsa, responde como se fosse uma funcionária de banco atendendo um cliente. Em tom de deboche, os dois riem depois.
Em outro áudio, um dos criminosos explica detalhes do golpe a um comparsa: