A Polícia Civil cumpriu, nesta quinta-feira (17), três mandados de busca em Esteio e em Canoas contra um empresário apontado como mandante de um roubo ocorrido em março. Incialmente, o prejuízo foi estimado em R$ 300 mil, mas depois foi confirmado que o valor chegou a R$ 800 mil. A investigação apontou que o suspeito armou um plano para falir outro empresário que atua no mesmo ramo — o de fabricação de materiais específicos para uso na segurança do trabalho.
A delegada Luciane Bertoletti comandou 10 agentes nesta manhã, com o objetivo de localizar mais provas contra os investigados. Segundo ela, um sócio do empresário rompeu com ele nos últimos anos e montou uma empresa para produzir os mesmos tipos de produtos. Descontente com a concorrência, revela Luciane, ele teria armado um plano para roubar todo o material da vítima e, para isso, contou com a ajuda de uma funcionária do ex-sócio.
— Essa ex-funcionária tem uma amiga que namorou um ex-presidiário. Ele conseguiu dois comparsas e realizaram o roubo no mês de março deste ano. A funcionária passou todas as informações do local e facilitou o ingresso dos criminosos. No entanto, na época, ela estava entre as vítimas rendidas pelos criminosos dentro da empresa — diz a delegada.
Roubo
O roubo ocorreu na empresa que fica em Esteio. Criminosos armados entraram no local e renderam quatro funcionários, inclusive a mulher que é alvo de mandado de busca nesta quinta-feira. Todas as vítimas foram amarradas e colocadas em um banheiro, enquanto os ladrões carregavam os materiais para segurança no trabalho, como por exemplo, medidor acústico.
O ex-sócio do suspeito chegou ao local logo depois e acionou a polícia. Luciane instaurou inquérito e, durante a investigação, descobriu onde estavam os produtos roubados. Segundo ela, parte teria sido levada para a empresa do mandante, e a maior quantidade ficou em um depósito. Mas, para surpresa dos agentes, houve um problema entre o suspeito e o responsável pelo imóvel onde estavam os materiais. A delegada destaca que não foi pago o valor combinado pelo aluguel do espaço e todos os equipamentos foram jogados em um terreno baldio em Canoas.
A polícia foi acionada mais uma vez, e todo o material recuperado. Luciane conseguiu imagens de câmeras de segurança e mais provas sobre o crime. Em setembro, após obter mandados de prisão contra quatro suspeitos, 45 agentes participaram de uma operação para prender os ladrões. Os presos são o ex-presidiário e seus comparsas que foram acionados para realizar o roubo.
Mandante
Com os depoimentos prestados e com mais provas obtidas, a delegada descobriu que tudo não passava de um plano do principal alvo da polícia para falir o ex-sócio. Segundo a apuração, ele acionou a funcionária da vítima para repassar informações. Mas, além disso, ela foi a responsável por mediar a negociação com os assaltantes. Luciane descobriu que o ex-presidiário recebeu R$ 80 mil para executar o assalto.
— E o que nos chamou a atenção, depois do roubo, e temos provas disso, é que este assaltante, que namorou a amiga da funcionária do empresário vítima, deu de presente para ela um anel de ouro que tem desenhada uma metralhadora, avaliado em mais de R$ 6 mil — destaca Luciane.
Além dos depoimentos e das imagens, a delegada diz que obteve comprovantes de pagamentos feitos pelo mandante para a funcionária do empresário roubado e para o líder da quadrilha. A polícia informa que o mandante, por enquanto, é alvo apenas de mandado de busca. Em um primeiro momento, ele teria alegado para os investigadores que o ex-sócio teria copiado seus produtos, e que a intenção seria apenas intimidar a vítima.
O nome dele não está sendo divulgado porque ele está apenas na situação de suspeito, sem indícios comprovados e sem mandado de prisão contra ele. A apuração da Delegacia de Esteio continua.