A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) contra Aristides Braga, 26 anos, morador de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Ele é réu em processo que está sob sigilo na 3ª Vara Criminal da cidade. Conforme a acusação do Ministério Público (MP), ele teria feito ameaças e praticado atos de injúria racial contra um ativista de Direitos Humanos brasileiro que mora nos Estados Unidos.
Houve indiciamento da Polícia Civil por crime de racismo em rede social de alcance internacional. Sobre este caso, houve remessa do inquérito para a Justiça Federal analisar a competência da apuração.
Além disso, houve um segundo inquérito que envolve ameaças ao ator Douglas Silva, ex-integrante do BBB 22. Mas este fato ainda não é motivo de processo no Poder Judiciário. A defesa do réu nega as acusações (veja nota abaixo).
O homem é apontado, conforme inquérito da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre, por integrar grupo de neonazistas na deep web — o lado obscuro da internet —, que é de difícil acesso e rastreamento.
Mas, por enquanto, na 3ª Vara Criminal de Novo Hamburgo, o processo é relativo apenas aos supostos delitos contra um ativista que combate a homofobia.
— Os indícios são de que ele também participava de um grupo com mais de mil pessoas, sendo 40 delas do Rio Grande do Sul, que fazia apologia ao nazismo — explica a delegada Andrea Mattos, responsável pelo indiciamento.
Outros dois suspeitos de serem integrantes deste grupo virtual são um adolescente de Lindolfo Collor, no Vale do Sinos, que espancou, matou e esquartejou um cachorro no final do ano passado — que cumpre medida socioeducativa — e um homem de Tramandaí que foi preso no início do ano também por várias ameaças, além de ter tido um capacete da Juventude Hitlerista apreendido.
Braga responde ao processo judicial da comarca de Novo Hamburgo em liberdade.
Contraponto
A defesa de Braga, o advogado André Von Berg, ressalta que seu cliente foi vítima de um hacker. Ele diz que até uma conta foi aberta em nome do réu em um banco virtual. Ele enviou uma nota a GZH:
"Na condição de defensor do senhor Aristides, informo que ele não praticou nenhum ato ilícito e que confia na Justiça, em que restará absolvido (seus equipamentos e contas foram hackeados; há diversos boletins de ocorrências sobre esses fatos). Ele reitera estar de consciência absolutamente tranquila por ser sabedor da sua inocência.
Ademais, estranho o fato ser publicizado por se tratar de expediente, como se sabe, que tramita em “segredo de Justiça”. Temos que ter cautela antes de “condenar” qualquer pessoa sem que tenha sido julgada pela Justiça, em processo que tenham sido observados o contraditório e a mais ampla defesa (predicados assegurados pela Magna Carta).